Os encantos de Conceição
O andar gracioso, o sorriso iluminado, o bom-humor e o Black bem azeitado chamavam a atenção. Com a expressividade marcante, regida pelo gestual, a negra, carregada de sensualidade, era uma presença sempre notada onde quer que fosse. As ancas avantajadas que desfilavam com propriedade, pareciam orquestrar um bailar leve, solto e até certo ponto despretensioso, embora Conceição possuísse alma de predadora. Aos trinta e cinco anos era uma mulher senão diferente das outras, poder-se-ia dizê-la incomum. O cortejo não lhe caía bem. Preferia ela escolher seus parceiros e não raro os homens subservientes, apaixonados em excesso e principalmente os insistentes, eram rechaçados com delicadeza ou simplesmente ignorados. Conceição era amante dos arroubos apaixonados, das aventuras dilacerantes propiciadas pelo coração traiçoeiro, da conquista cercada de sensualidade, do joguinho de sedução no qual, cabia a ela decidir quando a partida começava para valer.
Suas relações eram sempre providas de longevidade, haja vista que fazia questão de sorver até a última gota de cada sentimento, saborear cada sensação que pudesse usufruir em sua totalidade. Adepta do romantismo na dose certa, Conceição não dispensava uma boa pegada que a levasse para perto dos céus. Sua preferência por homens negros e altos lhe caía como uma luva, pois com um metro e setenta carregava o status de uma mulher grande, muito embora se importasse muito mais em ser uma grande mulher. Colecionava histórias e aventuras, amores e dessabores, paixões e desilusões. Moradora contumaz do afeto dos familiares e amigos, estava sempre rodeada por eles e claro, amava ser paparicada. Detentora de uma sensibilidade notável, amava as letras e artes em geral e isso de alguma forma norteava suas relações mais íntimas. Era quase uma condição sine qua non o bom trato nas palavras, inteligência e perspicácia. Todavia, a vida não nos permite seguir nossas próprias regras e o coração muito menos. Por vezes, a impetuosidade que acomete nossa alma, nos tomando de assalto a lucidez, nos fazendo imergir num eu que não o nosso, encontrando nele argumentação para vivermos e com a bela Conceição não seria diferente. Subvertida em seus dogmas, Conceição consignou sua razão ao amor. Rendeu-se aos beijos tórridos, aos desejos mais sórdidos e divinais que conhecera. Se envolveu desesperadamente, aprisionou-se, deixou de ser Conceição. Barganhou a alma com noites ígneas, vivendo, conhecendo, sendo, tendo, rejeitando e perdendo o outro. Descobriu que ser do outro é ruim, é bom. Transformou-se em três, para libertar-se dois e ser uma.
Fortuito, travessura ou desatino do destino, o sorriso de Conceição irradiou o olhar de Araújo. Baixo, esquálido e sem muitos dos pré-requisitos que até então norteavam as relações íntimas da mulher, ele chegou aos poucos, em uma situação corriqueira, tomando-lhe paulatinamente o ar, a atenção, invadindo seu coração e lhe impetrando o amor. Sem se dar conta, era dominada, podada por um sentimento que jamais conhecera, não daquela forma tão intensa. Metódico, Araújo conseguia fazê-la escalar montanhas, deslizar por noites enluaradas no lombo de um alazão branco em disparada. Andorinhas rasgavam os céus em voos rasantes, beijavam a relva e emergiam com tamanha velocidade que o coração da mulher parecia se precipitar por sua boca e tão frenético quanto o galopar tudo ao redor se fazia estrelas, o universo se recriava, mergulhando num mar de calmaria, desacelerando, pulsando preguiçosamente vida. Era ele, a personificação sexual que Conceição desejava. Em suas experiências, sempre tivera algumas dificuldades em alcançar o ápice ou melhor, de ser estimulada da forma correta e não raro, entendia os parceiros e por instinto amava entregar o melhor de si durante a cópula. Assim, usualmente flertava com o orgasmo, roçava sua pele mas poucas vezes o abraçava. Araújo não! Construía o clímax com propriedade e minúcias de um profissional! Logo isso passou a ser um problema para ela. Romantismo! Era isso que faltava na relação. Por mais maravilhoso que fossem as sensações despertadas ao longo do coito o contorno de projeto, concebido com detalhes e objetividade, escasseava a espontaneidade, a surpresa e a mesma casualidade que os unira.
Com mesma habilidade que Araújo cingia a cama, delineava lacunas na relação, deixando a mulher ávida pela vida. De certo, Conceição elevaria sua inquietação para além do casal e assim, outros olhares passaram a lhe despertar e como não era mulher de pular cerca, mergulhou em queda livre por uma nova onda que lhe proporcionava um sentido de aventura, de liberdade, abrindo as asas sem plano de voo, enchendo a alma de vida que lhe fez sorrir, abrasou suas artérias e sem pedir licença infectou seu coração que almejava cada vez mais o outro sorrir, o outro ter e principalmente, o outro existir. A dualidade passou a ser sua companheira, criando uma Conceição em cada momento. Uma descia a corredeira sorrindo feliz, inconsequente, aventureira e real. A outra concedia ao outro as rédeas do destino, onde tudo era pré-definido, orquestrado e correto. Entre a sedução e a segurança, a mulher seguiu o coração. Logo a relação com Araújo lhe rendera frutos. Cabia a ela agora os papéis de mãe, mulher e esposa. Seria agora três. O nascimento do filho, não servira para estreitar ou extinguir as lacunas já tão bem estabelecidas entre ela o casal e embora houvesse abandonado as corredeiras, havia provado do seu doce e se não pudesse mergulhar em suas águas em queda livre, banhar-se-ia vez por outra. Ruía o encantamento, sangrava o amor e por mais que fosse intenso, as ranhuras se alastravam, desencadeando um processo irreversível, tal qual um cristal quebrado. Conceição se arrastava pela relação, aprisionada pelo sentimento, envolta em picos de irritabilidade, perdida de si, descontente com a vida.
Como a água represada, de súbito, inadvertidamente Conceição resolveu ser Conceição. Apropriou-se de seu rebento, algumas peças e seguiu rumo a casa dos pais, ao encontro do seu eu. Interrompia-se o ciclo perfeito, a vida concatenada que não lhe pertencia, sendo-lhe devolvida a vida, voltando a voar em queda livre por quantas corredeiras desejasse. Agora seria mãe e mulher com toda a sua gana de viver. Contudo, os anos de relação com Araújo não propiciava um rompimento abrupto e definitivo, tornando o desmame lento, prazeroso e dolorido. Era inegável o prazer que o homem conseguia lhe entregar, porém a constante insistência para reatarem dificultava o convívio, muito embora a distância e a falta de compromisso deixasse Conceição mais leve. Vivia a vida como quem saboreia uma bela taça de vinho, entregando-se aos amigos, familiares, a Araújo e a todas as experiências que lhe fossem proporcionadas. Seguia o fluxo com seu sorriso largo, sua gargalhada espontânea, sem se cobrar, sem se dar, apenas vivendo quando foi arrebatada. Deveria ser apenas um encontro profissional, no máximo mais um affaire, uma admiração pura e simples, uma transa casual. Todavia, Laelson chegou de mansinho. Um lindo sorriso, palavras certas no momento certo e muitas outras coisas em comum. Logo o aplicativo de mensagens instantâneas tornou-se um vício que se arrastava por longas horas. O negro alto fazia exatamente o tipo de homem que Conceição tanto admirava. Não se expunha, não se insinuava, parecia apenas estar interessado em um bom papo. Traçaria ela o caminho para tê-lo, assim como uma felina em busca da caça.
As conversas se estendiam por celular, aplicativo, mensagens..., até que um dia resolveram tomar uma cerveja, bater um papo descontraído. Tal qual esperava, Conceição amou a conversa, a cerveja gelada, a noite e principalmente a companhia. Falavam sobre tudo. A vida, as artes, o zodíaco e sem entender os perigos que lhe cercavam a mulher afirmou:
- Sou que nem cachorro! Basta-me um simples carinho que fico toda mole.
Interessado, astuto e curioso Laelson tomou-lhe uma das mãos passando a fazer alguns movimentos entre seus dedos, uma espécie de massagem e ao perceber os primeiros efeitos, sorriu vitorioso e disse:
- Vejo que você relaxou. Seus olhos ficaram miúdos.
Surpresa e desconcertada com a observação do homem, Conceição tratou imediatamente de mudar de assunto, pedindo licença para ir ao toilette, tempo necessário para se refazer. Minutos depois retornou com aquele sorriso iluminando tudo e a todos, sentou-se e voltaram ao ritmo normal da conversa. No entanto, mais solto, Laelson permitia que uma de suas mãos pousassem e passeassem na perna da mulher como se fosse algo absolutamente natural e corriqueiro, talvez, sem se dar conta do que aquele simples carinho provocava em Conceição. O papo fluía e confluiu para um beijo inebriante que fez a calcinha da mulher ser inundada de desejo, sua respiração acelerar e o galopar do coração. Tudo parecia um sonho para ela e mesmo após ele a deixar em casa, as sensações ainda perpetuavam em seu corpo, alma e mente. Uma magia envolvia-os e Conceição sentia como se nunca houvesse de fato, se entregado a alguém daquela forma. Uma entrega, sem se entregar. Um ter, sem possuir e um desejo louco de permanecer sempre ao lado de Laelson. Os encontros passaram a ser cada vez mais frequentes e quando não presenciais e ainda que fossem, mantinham-se por horas online e as sextas-feiras eram as preferidas para degustarem umas cervejas geladas e desfrutarem de suas companhias.
Apesar de estar envolvida, flutuando e feliz, Conceição mantinha aceso o alerta. Não queria e não poderia se apaixonar por Laelson. Pensara diversas vezes em se afastar, porém, era mais forte que ela. Aquele sorriso safado, o olhar de pit bul, como ela mesma o descreveu e aqueles beijos. Os beijos, a boca, as mãos em sua cintura que a incendiavam impeliam-na para os braços de Laelson e em uma sexta-feira, após degustarem algumas cervejas, permaneceram no carro conversando e namorando até que as coisas saíram do controle e algo que ela jamais pensara aconteceu. Os beijos passaram a ser lascivos, as mãos e bocas pareciam se multiplicar e ambos já não tinham qualquer noção de onde estavam ou o que acontecia. Laelson mergulhou uma das mãos por entre as pernas dela, buscando as bordas de sua calcinha, afastando-a rapidamente e encontrando uma gruta totalmente molhada. Com habilidade incomum, traçou um caminho até o pequeno botão, passando a dedilha-lo com sutileza e maestria. Os toques eram leves, oscilando entre rápidos e lentos, entrelaçando a protuberância, já rija, entre os dedos, puxando, apertando, empurrando-a contra o corpo da mulher e voltando a ser leve, rápido, denso... até que lentamente instalou o dedo mediano no orifício molhado, levando Conceição a um gemido alto, forte e carregado de prazer. Por breves segundos, ela percebera que durante todo o tempo ele a encarava, esperando seu ápice. Parecia querer assistir ao espetáculo, certo de que aconteceria um.
Por algum tempo fez-se silêncio ou não. Conceição não saberia precisar. Suas pálpebras estavam pesadas, sua boca seca, sua audição se perdera. Laelson balbuciou alguma coisa ao longe que ela não compreendera, não conseguia distinguir o som da sua voz do barulho dos poucos carros que passavam. Sentia que era observada atentamente e quando ele insistiu em conversar falou:
- Espera! Não estou ouvindo direito. O que você fez comigo? Seu bruxo!
- Eu? Não fiz nada. Você nunca teve um orgasmo! – Afirmou ele.
A afirmação incomodou Conceição, mas não discutiria. Não naquele momento e apenas disse, sem muita certeza:
- Eu já gozei sim.
- Gozar é uma coisa. Orgasmo é outra. – Insistiu ele.
Realmente os cinco sentidos dela estavam afetados, seu corpo letárgico como se sua alma flutuasse para além do carro, para além daquele lugar, bem longe de seu corpo. Permaneceram por alguns minutos em silêncio enquanto ela ainda se refazia e percebendo que isso não iria acontecer de pronto Conceição pediu:
- Preto! Me leva para casa?
- Você quem manda, preta. – Respondeu ele, num sorriso carregado de satisfação.
Naquele dia Conceição não aguentaria conversar por muito tempo no aplicativo de mensagens. Seu corpo estava estranho, sua mente embaralhada e sua alma pedia descanso.
Na manhã seguinte, o corpo de Conceição estava refeito, assim como sua alma. Todavia, sua mente estava um turbilhão. Que sensações eram aquelas? O que Laelson teria de tão diferente dos homens que conhecera? Sabia que a paixão batia açodadamente à sua porta e por mais que não desejasse abrir, a curiosidade e o desejo lançavam-na em direção aquele homem. Saíram mais algumas vezes. Falaram sobre o ocorrido no carro, sobre sexo e Laelson sempre vinha com a mesma afirmativa:
- Você nunca teve um orgasmo!
Por mais que isso a incomodasse, Conceição não sentia soberbia nas palavras dele e suas explicações eram até certo ponto lógicas. O que ela não esperava era sentir na pele que o homem estava certo. Eram mais ou menos vinte e uma horas quando Conceição resolveu sair do bar onde estavam e seguir para seu apartamento que ainda estava em reforma. Não havia cama, sofá, geladeira..., nada além de um tapete. Passaram em um bar e pegaram algumas cervejas que sabiam, seriam sorvidas naturais depois da primeira, mas isso pouco importava naquele momento. Urgia o tesão, a vida pulsava em suas veias e o fogo lhes consumia. Mal abriram a primeira cerveja e seus corpos se colaram. Os beijos aumentavam o calor e logo as roupas se fizeram desnecessárias. Esticado, o tapete aguardava seus convidados sedentos, famintos de prazer. Acomodando-a, Laelson cobriu o corpo de Conceição com o seu, beijando-a lenta e ardentemente, apertando sua cintura, roçando seu corpo desnudo sobre ela. A barba incitava a lascívia da mulher que gemia baixo e contido. Pouco a pouco Laelson passou a explorar a boca da mulher percorrendo-a por todos os ângulos, trançando suas línguas, beijando seu queixo, pescoço, orelhas, nuca, seios, umbigo..., parando por segundos, olhando-a e aplicando um beijo quente e úmido em seu sexo. Deu-lhe um beijo como quem beijasse seus lábios, mordicando a parte interna de suas pernas até a altura dos joelhos, voltando até atingir sua boca. Conceição arqueava, gemia, espasmava e queria mais. Sentia-lo como o papel que se submete ao deslizar preciso da caneta, instando, excitando, infligindo uma nova forma de sentir, de ver, ter e ser o outro. Uma desordem tomava conta de seu corpo, sua alma, dando novos sentidos à conjunção, aos sentidos. Como quem emerge das profundezas do solo, Laelson surgiu entre as pernas da mulher, rasgando seus grandes lábios com os dentes, mordiscando, sugando, beijando, sorvendo, levando-a a um prazer indescritível. Lentamente passou a pincelar a “jóia da coroa”. Primeiro com os dedos, pressionando-a entre o polegar e o indicador, depois com a língua, sugando, lambendo, mordiscando e chupando-a até sentir o descontrole da mulher que a essa altura urrava de prazer. Conceição não continha o corpo que parecia ter vida própria e quando o falo retesado invadiu suas entranhas sentiu-se como uma Águia alçando voo do topo de uma montanha, tocando o sol, deslizando por entre raios e nuvens em queda livre, mergulhando num oceano de sensações para logo em seguida flutuar nos braços e abraços de Laelson que a acolhia, permitindo-se cavalgar com volúpia, desespero, tesão e amor, sentindo o prazer se avizinhar, emoldurando seu rosto de luz e desprender o urro grave e alto:
- Ahh, preta! Estou gozando.
O inundar de seu interior fez com que Conceição sentisse o pulsar dos lábios vaginais, a musculatura enrijecer, seu abdômen contrair e seu tronco despencar sobre Laelson entregando-a um orgasmo sensacional. Os corpos se abraçaram e permaneceram sobre o tapete que agora se fazia mágico diante de tamanhas sensações e emoções nele vividas. Laelson admirava satisfeito e feliz a mulher linda que permanecia latente. Mais uma vez experenciara a perda dos sentidos. A audição lhe faltava, os olhos lhes desobedeciam, seu corpo em letargia, sua alma vagando e seu olfato só sentia o cheiro inebriante daquele homem. Conceição decidira, não por vontade própria, mas pelas mãos do destino, que se entregaria aquele sentimento, que viveria cada momento como se fosse único e daria àquele homem tudo que pudesse de si. Voaria com ele por entre as nuvens, desceria as corredeiras da paixão sem medo, sem limites, se entregando a todos os prazeres que ele pudesse lhe proporcionar. Com esses pensamentos, a mulher iniciou um serpentear sobre Laelson, afagando seu corpo com a língua até atingir-lhe o mastro que por hora repousava. Permitindo-se levar, sem pensar em nada, sem técnicas Conceição apenas abocanhou-o lentamente, de olhos fechados, saboreando cada centímetro que adentrava seus lábios. Os movimentos lentos e apaixonados fizeram com que paulatinamente se reanimamasse, agigantando-se na boca quente, cercada pelos lábios grossos que o acariciava com desvelo. Detidamente Conceição ergueu-se, ajeitando o volume em seu interior ao sentar-se sobre o dorso do homem, que desprendeu um pequeno gemido ao sentir o acoplamento e os movimentos circulares iniciais do corpo dela. Inesperadamente Laelson elevou o próprio tronco, conseguindo alcança-la, prendendo-a em seus braços, fazendo com que ficasse imóvel. Envolvida num abraço repleto de sensações, a mulher sentia uma energia diferente, reconfortante e ao mesmo tempo carregada de desejos. O descompasso do coração de Laelson acompanhava o seu, a respiração pesada e lenta, o latejar do mastro em seu interior, as paredes de seu sexo a pulsar formavam um conjunto inebriante de prazer, confluindo para múltiplas sensações, desaguando em um orgasmo intenso, inédito, avassalador, expansivo e único, reverberando por seu corpo e sua alma por muito tempo. Conceição não saberia avaliar, explicar ou explicitar o que sentia. Apenas desejava não mais sair de perto daquele homem sem almejar planos ou certezas para o futuro. Tão somente ansiava tê-lo ao seu lado com todos os seus encantos.
FIM
Poliândrica
Estela não era exatamente uma mulher frágil, delicada e sonhadora. Estava longe de todas estas qualidades e sempre um passo à frente de quaisquer pensamentos inovadores ou revolucionários. Sempre fugira dos relacionamentos sérios e suas complicações. Estivera noiva por duas vezes, mas quando a coisa se inclinava para juntar as escovas, para o “até que a morte nos separe”, dava um jeito sem nenhuma sutileza e escapava. Invariavelmente terminava seu discurso de rompimento com a frase: “Sou a favor do livres para sempre! ”.
Aos trinta e cinco anos a negra de um metro e setenta, cabelos Black, olhos castanhos, nariz arrebitado e lábios finos, dona de seios pequenos e pontudos, corpo bem definido e pernas grossas que sustentavam uma bunda empinada, contentava-se com poucas coisas, dentre elas, seu apartamento de dois quartos, pequeno e aconchegante, seu emprego de professora e pesquisadora, seu carro, e, claro, a liberdade de poder ir onde desejasse, com quem quisesse, sem precisar dar satisfações. No entanto, vez por outra, sentia a falta de um aconchego, de uma paixão e quando a encontrava, entregava-se de corpo e alma.
Ao contrário do que se poderia pensar, não era dada a grandes experimentações, aventuras ou qualquer coisa que lhe privasse do racional. Há pouco mais de seis meses conhecera Rodrigo. Um homem alto, de presença marcante e um dom para conquistar. Na primeira vez em que seus olhares se encontraram, suas pernas bambearam, seu corpo respondeu e sabia que teria que ter aquele homem. Não foi uma tarefa difícil, uma vez que, ele deu o primeiro passo, se aproximando e se apresentando sem cerimônias. Galanteios costumeiros vindos de alguém que se via como predador e logo rumavam em direção ao motel mais próximo.
Estela notava no olhar, no semblante de Rodrigo que estava ávido para mostrar suas armas à sua mais nova conquista. O que o homem não imaginava era que aquela não era uma presa qualquer. Ao entrarem no motel, foi logo tirando a camisa, a calça, os sapatos e partindo para cima da mulher que, parecia acanhada. Os primeiros beijos aplicados por ele pareciam desabrochar ou despertar uma flor ou uma loba faminta, ainda não sabia. Suas mãos percorriam por todo o corpo da mulher, retirando as peças de roupas uma a uma.
Um dos seios da mulher já era deliciosamente lambido, fazendo-a soltar pequenos gemidos quando ela disse:
- Vamos tomar um banho?
Apesar de meio contrariado por parar naquele momento, Rodrigo ponderou que teriam muito tempo e assentiu com a cabeça. Rapidamente Estela caminhou em direção ao banheiro entrando debaixo do chuveiro, dando a impressão de que por algum motivo fugia da conjunção. Com um sorriso carregado de malícia, ele se aproximou, sorvendo seus lábios com gula ao mesmo tempo em que acariciava o corpo arrepiado da mulher, deslizando uma das mãos por entre suas pernas, iniciando uma deliciosa masturbação, incendiando-a.
Dono da situação, Rodrigo assistia e se deliciava ao vê-la contorcer-se de prazer, revirando os olhos, estremecendo e gemendo cada vez mais alto. Por outro lado, as sensações impostas por aquela mão habilidosa em seu sexo, despertava em Estela uma mulher faminta de prazer e quando chegava ao ápice, cravou as unhas na bunda dele, bem como os dentes em seu peito, arrancando um urro de dor da garganta do homem que, entre surpreso e irritado viu-a escorregar por suas mãos, agachar-se e cobrir por completo sem membro com a boca.
Imediatamente o corpo musculoso reagiu aos movimentos rápidos de vai e vem, acompanhados por carícias manuais e agora era ele quem se contorcia e urrava de prazer, derramando todo o líquido na garganta de Estela que se encarregava de saborear cada gotícula. Naquele instante, o homem sentia as pernas tremerem, uma força puxa-lo para o solo e sensações cada vez mais intensas lhe roubarem as energias e, parecia que ela não tinha a menor pretensão de retira-lo da boca. Pouco a pouco suas penas foram cedendo, relaxando e desmoronando lentamente ao solo sem que a mulher libertasse o membro até sentir que esmorecia.
Com a respiração acelerada encarou-a e já não encontrou o semblante de uma mulher tímida que, parecia temer suas carícias. Agora, Estela apresentava um olhar brilhante, um sorriso meio que irônico cheio de más intensões. Erguendo-se com a ajuda das paredes, quase que sorrateiramente ela ajeitou-se de frente, pernas abertas, empunhando o sexo ainda molhado em direção à boca do homem. Sem saída e um tanto surpreso, passou a explora-la com a língua, lambendo, mordiscando ao mesmo tempo em que apertava e acariciava as pernas e bunda da mulher, levando-a rapidamente a mais um orgasmo tão intenso que a fez juntar-se a ele no chão.
Após alguns segundos, fora ele quem quebrara o silêncio:
- Você é sempre assim?
- Assim como?
- Começa tímida e depois vai se soltando..., liberando a fera?
Uma gargalhada estrondosa invadiu o ambiente e sem saber o motivo, Rodrigo apenas franziu a testa a espera de uma explicação, tão logo Estela se recuperasse do que lhe acometera. Fosse lá o que fosse.
- Desculpe, Rodrigo! Não conseguir evitar. Não estava tímida. Apenas sentia suas carícias e curtia. – Explicou ela, ainda sorrindo.
- Achei que correu para o banheiro por que estava envergonhada.
- Por que achou isso? Pensou que estava impressionada com suas qualidades ou que era virgem? Pode falar! Eu aguento. – Ironizou a mulher.
- Por que ri tanto? Falei alguma besteira?
- Não, não. Vamos tomar um banho e namorar? Afinal, foi para isso que viemos até aqui. – Disse ela já se levantando em direção ao chuveiro.
Por breves segundos ele se manteve sentado, observando-a indo em seguida juntar-se a mulher. Durante o banho trocaram alguns beijos e carícias e, desta feita, era Rodrigo quem parecia fugir, uma vez que, saiu abruptamente se dirigindo ao frigobar, pegando uma cerveja e atirando-se sobre a cama. Estela parecia não se importar com a atitude dele, pois, permanecera por alguns minutos debaixo d’água e até ensaiava cantarolar algo que ele não conseguira decifrar. Absorto em suas interrogações sobre Estela, Rodrigo não percebera a água parar de cair e só deu por si quando avistou a mulher enrolada na toalha abaixando-se frente ao frigobar, mostrando quase que involuntariamente o sexo.
Algo o incomodava e sem saber o que, exatamente, acompanhava com interesse o balançar do seu corpo enquanto apanhava um copo de uísque e algumas pedras de gelo.
- Não gosta de cerveja? – Indagou ele.
- Gosto, mas hoje estou afim de algo mais forte, mais quente, se é que me entende.
- Sim, entendo. Há dias em que... – Não conseguira completar a frase, pois, um calafrio tomou posse de seu corpo ao entrar em contato com uma pedra de gelo. Com uma cara safada, Estela deslizava a pedra pelo peito, abdômen, umbigo..., até chegar ao membro que, dava sinais de prontidão. Sem cerimônia alguma, a mulher abocanhou-o juntamente com a pedra de gelo, causando sensações jamais sentidas por Rodrigo que apenas conseguia gemer e se contorcer. Desta vez, as carícias eram metódicas e lentas da ponta até a base, enlouquecendo-o completamente. Interrompendo o carinho, ajeitou-se sobre ele, colocando a verga em seu interior, dando início a um galope macio, calculado, aumentando sua volúpia pouco a pouco, até perder totalmente o controle.
Agora Estela urrava, puxava os próprios cabelos, apertava os seios e gozava, gozava muito, deixando o homem cheio de tesão. De um salto, colocou-a de quatro, passando a estocar com firmeza, preenchendo-a até o fundo, inundando sua alma de prazer, esgotando suas forças, sentindo o vibrar de suas entranhas aplaudindo aquela cópula, brindando-a com orgasmos múltiplos. Rodrigo beirava à exaustão, porém, ainda não chegara ao prazer e na verdade, nem sabia se queria. Contudo, a mulher apesar de todos os orgasmos não se satisfizera e ofereceu-lhe a boca em sinal de gratidão. Sorvia o membro com gula e desejo, gemendo e se tocando ao passo que ele já dava sinais de cansaço.
Por mais que ela se esforçasse e fosse habilidosa o gozo de Rodrigo não chegava para o desespero de Estela que ansiava por aquele néctar dentro de si, fosse na garganta ou em qualquer parte do corpo. Assim, atirou novamente à cama, sentando-se por cima e cavalgando em disparada, louca, entregue e repleta de tesão. Sem conseguir resistir, o homem deu os primeiros espasmos, suficientes para que tivesse o mastro outra vez engolido, explodindo para o deleite de Estela que após alguns minutos quieta, saboreando não apenas o momento, voltava a ater aquele semblante calmo que o confundia.
De certa forma, agora Rodrigo entendia o que tanto o incomodava nela. Jamais estivera com uma mulher que não conseguisse controlar as ações. Com Estela não teve a mínima chance. Talvez, por isso, se reencontraram mais algumas vezes e as coisas foram esfriando até que se afastaram completamente e isso não parecia incomodá-la. Amante do conforto de seu apartamento, onde passava a maior parte dos domingos deitada no sofá na companhia de seu cãozinho Bob e de sua liberdade, estava sempre radiante às segundas-feiras, pronta para mais uma semana de trabalho, não dando oportunidades às decepções do coração, se é que as tinha.
Analista de Requisitos de uma grande empresa de TI não tinha muito tempo para sentir ausências específicas, já que, vivia em constantes reuniões e planejamentos. Assim, era capaz de sentir a solidão em determinados momentos, sentir a falta de uma “conchinha”, mas não a falta de Rodrigo. Por isso mesmo, logo já estava envolta no trabalho e naquela manhã de quarta-feira tinha um encontro superimportante com o dono de uma grande empresa. Estava ansiosa e concentrada em sua tarefa. Após ser anunciada entrou na sala dando de cara com um homem negro, forte, vestido em uma camisa social azul que não lhe escondia a musculatura bem trabalhada, cabelo cortado baixo, um bigode fino e um brinco na orelha esquerda.
Por mais profissional que fosse, Estela não conseguira deixar de observar o peitoral que se exibia por entre um dos botões propositadamente aberto, assim como o olhar que lhe lançara ao vê-la adentrar. Apressando-se para cumprimenta-la, ergueu-se da cadeira estirando a mão enorme e firme:
- Bom dia, senhora Estela. Tudo bem?
- Bom dia, senhor Jackson. Tudo bem e com o senhor? – Devolveu ela.
- Por favor, queira sentar-se.
- Como sabe, nossa empresa tem um grande interesse em fabricar o software que o senhor deseja e melhor lhe atender. – Iniciou ela após sentar-se. – Gostaria que o senhor expusesse o que espera do software e assim possamos atende-lo de maneira satisfatória.
- Bem, senhora Estela..., a ideia que tenho não é algo simples e creio que não será possível chegarmos a um consenso em apenas uma reunião. De qualquer forma vou adiantar alguns requisitos que considero indispensáveis.
O homem passou a demonstra um certo conhecimento de programação e até mesmo de engenharia de software, o que a surpreendeu. Durante duas horas discutiram as melhores práticas para começar o projeto e quando ela se despedia recebeu uma proposta que se não fosse uma cantada, beirava a isso:
- Se a senhora não se importar, gostaria que nossa próxima reunião não fosse aqui.
Com um olhar perscrutador e desconfiado, Estela indagou:
- E o que o senhor sugere?
- Um restaurante.
- Sempre faz reuniões de trabalho em restaurantes?
- Só quando o cliente é especial.
- Não sabia que a SOLUCTIONS TI era tão especial para o senhor.
- Não. Talvez, não. – Falou ele soltando um risinho safado que fez com que algo lá no fundo da calcinha dela se mexesse.
- Bem, senhor Jackson, discutiremos isso depois. Entrarei em contato.
O sorriso estampado no rosto confiante do homem demonstrava que, talvez não esperasse pela iniciativa dela. Estela saiu daquele encontro satisfeita com seu trabalho e com uma dose farta de curiosidade sobre Jackson. Talvez, entrasse em contato muito antes que ele imaginasse.
O resto do dia a mulher passou com parte dos pensamentos no trabalho e outra naquele peitoral, na mão enorme de Jackson e nas delícias que poderiam lhe proporcionar. Contudo, sentia que ele ligaria muito antes do necessário, uma vez que, deveriam voltar a se encontrar para tratar sobre a criação do Software. Então, decidiu aguardar que ele desse o primeiro passo. A semana correu e nenhuma ligação do homem e Estela ansiava que isto ocorresse durante o final de semana. Assim, não misturariam negócios com prazer.
A segunda-feira surgiu e nenhum contato de Jackson, o que, a deixou um pouco frustrada. Na espera pela ligação dispensara convites e como Rodrigo também não mais a procurara, seu final de semana fora exclusivamente dedicado aos projetos e ao sofá. Começava a achar que não deveria nutrir esperanças quanto ao empresário e ser estritamente profissional e com essa determinação partiu para o trabalho naquela manhã ensolarada. Subitamente teve um pensamento rápido, um traço de arrependimento, que balbuciou por impulso do pensamento:
- Deveria ter casado!
Tão ligeiro quanto o pensamento veio a própria recriminação. Entrou no carro e saiu em disparada, aumentando o som no veículo, como se isso a fizesse desviar dos pensamentos que iam e vinham na mesma direção. Seguia tentando se concentrar na música e nos afazeres no escritório quando ouviu uma buzina intermitente ao lado e assim que mirou na direção, automaticamente uma das leis de Murphy escorregaram por seus lábios:
“Toda vez que se menciona alguma coisa: se é bom, acaba; se é mal, acontece! ”.
Sim! Do outro lado, também parado no semáforo, acenando feito um desesperado, estava Silas. Para ela, as recordações se misturavam quando se tratava dele. Algumas boas, outras ruins. Era um homem carinhoso, um dos poucos com os quais se envolveu que, dava valor e gostava de dormir de conchinha, passar os finais de semana juntos e o mais importante: era o tipo de homem que após transarem, ficavam conversando, se curtindo, ouvindo o silêncio. Porém, insistia em casar e em determinado ponto da relação, ficou insustentável a cobrança.
Mirando o relógio Estela encostou o veículo avistando pelo retrovisor Silas vindo a passos tão largos quanto o sorriso que se desenhara em sua face:
- Preta! Há quanto tempo! Não vem me dar um abraço? – Inquiriu ele, alargando os membros superiores.
Sem muito interesse a mulher desceu do veículo recebendo um abraço caloroso e carregado de saudades.
- Como você está? Casou? Tem filhos?
- Não, Silas. Não casei e nem tenho filhos. E você?
- Também não casei. Você não quis, lembra?
- E não achou uma louca para casar? – Falou ela, esboçando um sorriso.
- Até que achei, mas nenhuma era você. Sabe como é.
- Sei não. Mas, estou apressada para ir trabalhar. Terei um dia cheio e já estou em cima do horário.
- Sempre dedicada ao trabalho. Tudo bem. Vamos marcar para nos vermos, bebermos alguma coisa e conversar. Me liga?
- Desculpe, mas não tenho mais seu número. São quase seis anos, não?
- Tudo bem. Pega meu cartão e me liga.
- Ok. Tchau.
- Tchau. Você continua linda! – Gritou o homem se afastando.
Durante o restante do percurso Estela relembrava alguns momentos com Silas e meneava a cabeça negativamente sorrindo.
Ao chegar ao trabalho mal teve tempo de pensar. Tudo em sua área era urgente e os clientes não queriam e não podiam esperar. Logo após sair de duas reuniões recebeu a notícia de que o escopo do Software de Jackson estava pronto e já poderia apresenta-lo. Um misto de sensações percorreu seu corpo. Aquele homem mexia com ela, mas não demonstrou interesse o suficiente, desapontando-a. Desconfiava que, talvez, fizesse apenas tipo para conseguir algum diferencial ou facilidade nos negócios. O que soava ainda pior, já que, desta forma, desqualificava seu profissionalismo. Fez um bico e pronunciou:
- Indiferentemente do que ele pense ou faça, serei profissional. Não vou me ater ao corpo maravilhosamente esculpido e nem àqueles olhos que me comem a alma.
Decidida alcançou o telefone esperando que a voz da secretária surgisse e eis que a voz grave e rouca surgiu do outro lado, provocando uma pausa confusa em sua alma:
- Alô! Alô! – Repetia a voz do outro lado, sem obter resposta.
Ao ouvir o clique do outro lado, a mulher percebera que a ligação fora interrompida. Respirou fundo por alguns segundos e voltou a ligar. Desta feita ao ouvir a voz de Jackson buscou ser o mais impassível possível:
- Bom dia, senhor Jackson! É Estela da SOLUCTIOS TI quem fala.
- Eu sei. – Respondeu o homem sensualizando na voz.
- Gostaria de saber se o senhor tem disponibilidade para discutirmos o escopo do projeto. Ficou pronto hoje e quanto mais rápido tivermos a solução, melhor para o senhor. Não concorda?
- Sim, claro. Pode ser as dezessete horas?
- Pode sim.
- Então, aguardo-a neste horário.
- Certo. Obrigado e tenha um ótimo dia, senhor Jackson.
- Você também e até mais tarde!
Aquele “Até mais tarde” soou quase como uma promessa, mas a mulher preferira atribuir esse detalhe à sua imaginação.
Entre a hora do almoço e as dezessete horas, parecia ter muito mais que poucas horas. Os relógios davam a impressão que pararam e a inquietação da mulher era quase palpável. Já não conseguia se concentrar nas atividades, acompanhar o raciocínio dos programadores e sua única preocupação era não se atrasar para o compromisso profissional no final da tarde. Assim, abandonou o escritório por volta das quinze e cinquenta com a desculpa do trânsito e que não poderia deixar um cliente tão importante esperando.
Todavia, o tempo considerável que levou no banheiro retocando a maquiagem, se arrumando era compatível com um congestionamento gigante e quando de fato conseguiu sair beirava às dezesseis e trinta. Acelerando para evitar o trânsito mais pesado no final da tarde, chegou à recepção faltando três minutos para as dezessete horas e ao entrar na sala, não viu a secretária. Apenas avistou Jackson sentado, absorto na tela do Notebook com a testa franzida. Parecia muito concentrado, erguendo a cabeça ao perceber sua aproximação e desarmando-a ao abrir um lindo sorriso.
- Boa tarde, senhora Estela! Pontual!
- Boa tarde, senhor Jackson! – Respondeu ela, esboçando um sorriso.
- Por favor, sente-se! Estou curioso para ver o que conseguiram fazer com minhas ideias.
A analista passou a mostrar o projeto e seu escopo ao homem que, parecia entusiasmado e até certo ponto satisfeito, embora fosse rígido em algumas sinalizações de mudanças. A reunião demorou cerca de meia hora e tão logo anotou todas as considerações sobre o projeto Estela anunciou sua partida.
- Se você não estiver com muita pressa posso acompanha-la. – Falou Jackson.
Antes que ela respondesse ele retirou o Blazer, ficando apenas com a camisa, que lhe desenhava ainda mais os músculos, pegou a pasta e com um gesto de mão apontou o caminho para ela, que se encaminhava para um lado sem se dar conta de que, Jackson iria para outro. De repente sentiu-se caminhando sozinha e ao virar-se percebeu que ele estava parado no meio do caminho sorrindo.
- Que foi? – Perguntou ela.
- Vamos por aqui. Elevador privativo.
Sem jeito ela acompanhou a direção para a qual o homem apontava avistando uma placa onde estava escrito PRESIDÊNCIA, seguindo-o. Ao entrarem no elevador Jackson acomodou a pasta no chão e partiu para o ataque. Colou seu corpo contra o de Estela, firmando-a na parede e engoliu seus lábios, com uma das mãos enlaçando sua cintura e a outra amassando sua bunda. Entre lutar e ceder a mulher tentou argumentar:
- Senhor Jackson não devemos misturar as coisas e....
Mais uma vez teve sua boca presa à dele e aquele dedo grande e grosso por baixo de sua saia, percorrendo seu centro, mapeando a lateral de sua calcinha, invadindo-a com vigor não contribuíam para a sua resistência, já enfraquecida. Não havia chances de vencer aquele duelo ainda mais com a regência habilidosa dos dedos em seu interior, norteando seu prazer. Resignada, viu-se arqueada, mãos apoiadas na parede e o mastro invadir-lhe com ferocidade, aflorando desejos tão intensos como as estocadas que pareciam rasgar-lhe ao meio. Rapidamente sentiu as pernas fraquejarem, um tremor envolver todo seu corpo e quando sentiu o prazer de Jackson escorrer por seu interior não suportou:
- Ai, meu Deus! Que porra deliciosa!
Agora ele estocava de forma planejada, atingindo o fundo do sexo da mulher que se remexia, tremia e gozava. Quando Jackson fincou o membro até o fim a mulher não suportou, gritou e dobrou os joelhos extenuada e plena. Logo em seguida, ele sentou-se ao seu lado e só então a mulher percebera que o elevador estava parado e com a voz embargada perguntou:
- Esse elevador está quebrado, não é?
- Não. Como iríamos descer se estivesse quebrado?
- Mas ele está parado!
- Sim. Se apertarmos o botão ele desce. Acho que esqueci. – Disse ele sorrindo.
O tempo já não parecia importar para ambos, pois, permaneceram por alguns minutos ali, sentados conversando sobre banalidades da vida. Estela sentia a alma leve e não era apenas por ter transado. Jackson era um homem simples, de alma leve e sorriso fácil.
Ao chegar em casa, por volta das vinte horas, Estela não queria saber de trabalho, de estudos ou de qualquer coisa que a afastasse das lembranças e do cheiro daquele homem mágico. Estava encantada com o jeito de Jackson que, apesar de ser rico e bem-sucedido era diferente da maioria dos homens que conhecera, tamanha sua positividade. Se sentia como uma adolescente ao dar seu primeiro beijo e mesmo contra vontade, queria permanecer com o cheiro do homem, tomou banho, comeu algo e entregou-se a Morfeu.
Acordou irritada com o som da campanhia e ao abrir a porta deu de cara com um buque enorme de rosas vermelhas e um cartão que dizia:
Hoje às 18:00 horas te pego na saída do trabalho
Um sorriso se desenhou no rosto da mulher que jamais imaginou que além de tudo, Jackson fosse romântico. “Só espero que não queira casar! ”. – Pensou ela, saindo pulando feliz da vida em direção ao banho.
Quando se espera algo o tempo sempre conspira contra e com ela não fora diferente. O dia se arrastava e os projetos estavam enfadonhos e as reuniões pareciam demorar mais que de costume. Por fim, o relógio apontou para as dezoito horas e até mesmo o elevador lhe parecia mais lento. Chegando à portaria olhou para todos os lados e não avistou nenhum carro diferente dos que estava acostumada a ver por ali. Caminhou desapontada em direção ao estacionamento e viu que alguém estava de costas, de pé, apoiado em seu carro, e seu coração disparou. Lentamente Jackson se virou e um sorriso iluminou todo o ambiente, desta feita, não era o dele e sim a felicidade de Estela ao vê-lo.
Louco! Assim ela o descrevia. Naquele dia transaram no estacionamento e durante a semana no escritório dele, na praia, no motel, no apartamento dele e até mesmo no meio da rua. Viajaram no fim de semana e para Jackson qualquer hora e lugar eram propícios para se amarem. Fascinada! Era assim que Estela se sentia e pressentia que a coisa começava a perigar. Já não conseguia ficar muito tempo sem falar com ele e quando avisou que iria viajar no final de semana a negócios, sentiu como se lhe arrancassem parte de si. No entanto, não iria bancar a garota ciumenta e mimada, mesmo querendo.
O final de semana mal começara e já não tinha a menor graça. Estela não saíra com os amigos do trabalho na sexta-feira. Preferira ficar em casa e falar ao celular com Jackson e quando o sol anunciou as primeiras horas do dia, levantou cheia de disposição para trabalhar e começou por arrumar algumas coisas no apartamento. Por volta das dez horas já terminara os afazeres domésticos e ouviu a campainha tocar. “Será que ele resolveu me fazer outra surpresa? ”. – Pensou. Porém, ao abrir a porta deu de cara com o sorriso largo de Silas e seu desapontamento fora evidente:
- Bom dia, preta! Esperava por alguém?
- Bom dia, Silas! Não, não esperava ninguém.
- E não vai me convidar para entrar?
- Entre, Silas! – Falou ela sem muita convicção.
- Te conheço! Aconteceu alguma coisa?
- Não.
- Claro que aconteceu. Fala, preta!
Diante da insistência, ela começou a desabafar. As palavras da mulher davam a impressão que havia uma chance de reconquista-la ao mesmo tempo em que lhe atingiam como um soco. Por mais que não quisesse admitir, Estela estava completamente apaixonada por Jackson. Cavalheiro e esperançoso Silas permaneceu ouvindo-a por todo o dia. Almoçaram, beberam, riram e ao cair da noite sobre protestos, fora expulso.
Durante todo o domingo Jackson não dera notícias e assim seguiu até a terça-feira, quando surgiu na hora do almoço de bermuda e camiseta em frente ao prédio da SOLUCTIONS TI, com aquele sorriso que a enfeitiçava.
- Amor! O que aconteceu? Não me deu mais notícias!
- Depois te conto. Vamos almoçar.
- Onde?
- Vamos!
Chegaram ao apartamento dele e depois de transarem por duas vezes, almoçaram e foram para os respectivos trabalhos. No restante da semana mal se falaram por celular e Silas era cada vez mais presente até que um dia, levada pelo sumiço, a carência e o desejo, se entregara a ele e após se satisfazerem, durante aquele momento em que se curte a pessoa, mais uma vez ele atacou:
- Preta! Casa comigo!
A diferença é que agora a ideia não parecia tão absurda. Estela olhou nos olhos dele e disse:
- Posso pensar?
Nem o próprio Silas esperava aquela resposta e após se recuperar voltou à carga:
- Uma semana.
- Tudo bem. – Respondeu ela.
Naquela noite a mulher voltara a experimentar dormir de conchinha, amparada pelo peito de Silas, que em nada se comparava com Jackson, mas que talvez, fosse o homem certo para uma mulher casar. Durante a semana Estela vivera entre as aparições imprevisíveis de Jackson e o ombro amigo e protetor de Silas. Seu prazo se esgotava quando teve uma ideia, correndo para o computador afim de pesquisar. Não fora uma tarefa difícil e, depois de se certificar que entendera corretamente e possuía argumentos suficientes, ligou para Jackson marcando um encontro no dia seguinte, dizendo que era algo muito importante.
No dia seguinte na hora do almoço a mulher estava eufórica com a possibilidade de sua ideia dar certo. Quando avistou Jackson entrando no restaurante suas mãos suavam e mal se cumprimentaram ela atirou:
- Fui pedida em casamento!
Aparentemente Jackson se manteve impassível.
- Quer dizer que estava com outro esse tempo todo?
- Sim e não. Vou te explicar.
Estela passou a contar toda a história dela com Silas e como o reencontrou. Quando concluiu, Jackson apenas perguntou:
- Então, não iremos nos ver mais?
- Depende. – Falou ela, respirando fundo, esperando o próximo movimento.
- De que? Não vai aceitar?
- Já ouviu falar em Poliândria?
- Não. É de comer? – Gracejou ele.
Soltando um sorriso vitorioso Estela passou a explanar como se fosse uma expert no assunto:
- A Poliândria é um costume quase extinto de algumas aldeias no Vale do Himalaia, onde uma mulher se casava com vários homens, todos da mesma família. O objetivo era manter as terras concentradas na mesma família e assim não precisar dividir. Os homens eram irmãos e ela se casava oficialmente com um, mas os outros conviviam na mesma casa e possuíam os mesmos direitos. Os filhos chamavam a todos de pai. Apesar de conviverem juntos, não transavam na casa e nem havia ménage. Eles transavam nos rios ou nas matas, nunca dentro de casa. A mulher tinha direito de ter seu preferido e todos sabiam, mas não podia negar nada a nenhum dos maridos.
- Deixa ver se entendi. Está me propondo a morar com seu marido e dividir você? É isso?
- Dividir não, compartilhar.
- Isso é loucura!
- Pode ser, mas estou disposta a tentar. Jamais pensei em casar, mas me apaixonei por você e o Silas é um homem encantador que me entende, me compreende. Você é imprevisível e louco. Não quer compromisso sério ou não está preparado. Acho que formaríamos um trio perfeito.
- E ele concordou com isso?
- Na verdade, nem sabe. Quis primeiro falar com você.
- Por que?
- Simples. Se não aceitar, não preciso contar a ele.
- Não sei o que dizer!
- Te dou uma semana.
- Certo, mas você é louca!
- Obrigado! – Disse ela, aplicando-lhe um beijo nos lábios.
Ao voltar para o escritório, imediatamente Estela ligou para Silas, convidando-o a ir ao seu apartamento a noite. Já tinha uma resposta. A simples menção da palavra “resposta” já deixou o homem em polvorosa. Ansiosa e aflita, Estela tentou se ocupar com o trabalho, embora, vez por outra se pegasse absorta em sua ideia e na funcionalidade prática dela. Às dezoito horas deixava o prédio da SOLUCTIOS TI mais apressada do que nunca. Queria chegar antes de Silas, tomar um banho, colocar uma roupinha sedutora e atirar sua ideia sobre ele. Talvez, fosse mais difícil convencê-lo do que ao Jackson.
Pilotando como quem foge da polícia, a mulher conseguira alcançar seu objetivo parcialmente, pois, ainda estava no banho quando a campanhia tocou. Apressou-se em sair e colocar uma blusa de alças e um shortinho sem calcinha. A intermitência da campanhia conotava que Silas estava tão ansioso em saber sua resposta quanto ela em contar e assim que abriu a porta ele desabafou:
- Fala, preta! Qual sua resposta?
- Boa noite, amor!
- Desculpe-me! Boa noite! – Falou ele enrubescido. – Mas, não me mate de curiosidade. Fale logo. É sim?
- Depende.
- De que, preta?
- De você.
- Se depender de mim, nos casamos amanhã.
Ela sorriu, deu-lhe um beijo nos lábios e disparou:
- Já ouviu falar em Poliândria?
- Não, nunca ouvi. Do que se trata?
Estela passou a repetir todo o discurso que fizera para Jackson e os olhos do homem pareciam querer saltar diante dela. Ao concluir sua explanação, ele atirou:
- É o tal cara que não dá a mínima para você, não é?
- É sim. Já conversei com ele e ficou de pensar.
- E se ele não aceitar?
- Não sei. Não pensei nessa possibilidade.
- Quer dizer que nem cogitou nos casarmos sem essa tal Poliândria?
- Me conhece e sabe que não costumo desistir.
- E se eu não aceitar?
- Não me caso.
- Ficaria com ele, não é?
- Sim. Não vou mentir para você. Ele é um cara que sai do trivial, do comum, é leve e....
- Já entendi. Eu sou o chato! – Interrompeu Silas.
- Não. Você é o fofo, o que me entende, que dorme de conchinha comigo.
- Também quero uma semana!
- Tudo bem. Tem uma semana.
Durante esse período Estela tivera a certeza que fizera a coisa certa. Enquanto Jackson parecia não se abalar em ter que fazer aquela escolha, Silas não conseguia ser o mesmo e passou mais tempo ausente que de costume e embora, parecessem fazer uma escala a semana fora preenchida de forma satisfatória para ela. Findo o prazo de Jackson ele a procurou com aquele mesmo ar seguro de si e de uma só vez soltou:
- Ele aceitou?
- Sim. – Mentiu ela.
- Então, também aceito. Não tenho nada a perder. Quem vai casar é ele. – Falou sorrindo. Agora, ele pensava como um homem de negócios. Mais uma vez eles se entregaram ao desejo e Estela se sentiu preenchida e realizada por todos os poros. No dia seguinte, nervoso e um tanto inseguro Silas apareceu no apartamento dela. Solicitou uma dose de uísque e depois de alguns adiamentos falou:
- Pensei bastante nessa loucura e não consigo chegar a uma conclusão óbvia. Além de nós três, quem mais saberá desse triângulo?
- Não é um triangulo! É Poliândria!
- Que seja! Quem mais?
- Só quem você contar.
- No casamento, será apenas nós dois?
- Como todos os casamentos oficiais.
- Bem, como ele não te dá a mínima atenção, creio que terei mais tempo com você e chances para mostrar que não vale a pena isso. Não iremos transar em casa, certo?
- Correto!
- Nem eu que sou o marido?
- Não. Direitos iguais.
- Certo.
- Certo o quê?
- Eu aceito!
A mulher soltou um grito, pulou em cima do homem beijando-o sem parar até chegar ao membro ereto. Engoliu-o com delicadeza e fome, acariciando toda a sua extensão. Depois, sentou-se sobre ele iniciando um movimento cadenciado ao mesmo tempo que beijava, lambia e mordiscava o pescoço do homem, levando-o à loucura. O prazer se aproximava quando Silas inverteu a posição, colocando-a de ancas abertas no sofá e estocando fundo, sentindo o corpo da mulher estremecer, seu abdômen dilatar e um urro surgir do fundo de sua garganta:
- Eu tô gozando, amor! Vai mete com força!
A ordem fora obedecida com êxito e após gozar abundantemente Estela presenteou ao homem, ficando de costas e ofertando-lhe o ânus que fora recebido com carinho e desejo, levando Estela a anunciar aos vizinhos e a todos que desejassem ouvir:
- Assimmm, aí porra..., que delíciaa...
Três meses depois Estela saía da igreja de mãos dadas com seu esposo Silas, tendo como uma das testemunhas seu amigo Jackson que por exigência do noivo não participaria da lua-de-mel. Após alguns meses de convivência, ela era a mulher mais feliz do mundo, mesmo algumas regras pré-estabelecidas sendo quebradas ou melhor, reajustadas ao convívio sadio do trio, como o ménage que, vez por outra acontecia. Até aquela presente data Estela abolira de sua vida a frase: “Sou a favor do livres para sempre! ”, e preferia estar presa àqueles homens para sempre!
Fim
Gérson Prado
O harém de Jessé
Aos quarenta e dois anos, o Dr. Jessé orgulhava-se por ser um dos cirurgiões plásticos mais respeitados do país. Após vinte e um anos dedicados ao estudo, trabalho e pesquisas, envolvendo-se em todo tipo de situações em emergências, hospitais, clínicas em períodos integrais, dois turnos por dia, sete dias por semana, chegou ao topo na profissão, gozando de prestígio, dinheiro e luxo. Dono de uma das maiores clínicas especializadas no assunto, sentia a vida lhe cobrar todo o tempo dispendido na busca por sua realização. Sem namorada ou envolvimento fixo, vira seu último relacionamento desmoronar pelo mesmo motivo de todos os outros quando a bela Léia, uma mulher negra, olhos castanhos claros, lábios médios, seios fartos e firmes, pernas grossas e bem torneadas que sustentavam a escritora de um metro e oitenta, lhe disse:
- Para mim chega, Jessé! Você nunca tem tempo para mim. Não saímos, não nos divertimos, não conversamos e quando conseguimos nos ver, transamos por horas e tão logo gozamos, já é hora do seu próximo plantão. Não quero essa relação! Fique com seus pacientes, com seus plantões.
Todas as noites essas palavras retumbavam em sua memória, fazendo o homem sentir-se culpado por alguns instantes para em seguida rejeitar as palavras da mulher como razões para o fim do relacionamento:
- Onde está você agora, Léia? Continua escrevendo seus livros que ninguém ler ou lendo as notícias sobre o grande Dr. Jessé? – Resmungava ele com um sorriso sarcástico e orgulhoso de si. Porém, desde que alcançara seus objetivos profissionais e o sucesso tão almejado o tempo lhe sobrava nas noites de sexta-feira e, principalmente, nos finais de semana. Tentando fechar essa lacuna em sua agenda tão ultimamente vazia, o cirurgião comprou uma casa numa ilha deserta, reuniu convidou alguns colegas e poucos amigos numa festa eroticamente exuberante. Orgias patrocinadas por ele arrastaram dezenas de pessoas por algumas semanas, mas logo deixaram de ser atrativas, pois as pessoas queriam mais e assim que o efeito das bebidas, drogas e sexo passavam, Jessé se sentia sozinho outra vez. Muitas vezes, recorreu às prostitutas para satisfazer suas vontades sexuais e, principalmente, afogar a solidão, no entanto, depois de um tempo já não serviam mais. Eram subservientes, sem opiniões e no fundo sabia que elas diriam o que desejasse uma vez que, pagava e muito bem pelo kit mulher- psicóloga. A única exceção era a estonteante Vick! Uma garota que à primeira vista não dizia muito por sua aparência física, pois era gordinha, cabelos ruivos, sempre desgrenhados, olhos redondos verdes e vivos, boca carnuda, seios pequenos, bunda grande e coxas grossas, com um metro e sessenta e dois, um lindo sorriso convidativo e um apetite sexual incontrolável. Aos vinte e seis anos, a garota era um verdadeiro furacão na cama e sempre dizia:
- Nós somos iguais! Dois safados que adoram gozar!
Por muitas vezes, o programa durava horas e até dias na casa de praia de Jessé, onde transavam, bebiam e conversavam muito. Porém, Vick era muito requisitada. Tinha muitos clientes e nem sempre estava disponível para ele, nem mesmo quando dobrava o valor a ser pago por sua companhia e justificava:
- Jessé! Você é um cliente maravilhoso. Me respeita e me faz gozar como nenhum outro cliente, mas não posso ser exclusiva. Como em qualquer outro ramo, vivo do que faço e meu nome é garantia de bons serviços. Se começo a furar com outros por sua causa, logo não terei mais clientes e uma hora dessas você casa, me esquece e terei que voltar a fazer pista.
Geralmente, o cirurgião sorria e pagava-lhe generosamente pela companhia, pelo sexo de qualidade e pelos conselhos, contudo, um conselho especial mudou a vida de Jessé.
Era um sexta-feira e o cirurgião chegou cansado da clínica, tomando um banho, servindo-se de um uísque seco, vasculhando a geladeira em busca de algo para satisfazer o estômago que roncava. Olhava e nada o deixava feliz, decidindo jantar fora, pegando as chaves do carro e saindo. Faria um programa diferente, já estava cansado dos enlatados, dos filmes, dos estudos, relatórios e pesquisas. Atravessando a cidade parou num restaurante italiano, sorrindo satisfeito com sua escolha, sendo acolhido pelo garçom tão logo entregou as chaves do veículo ao manobrista, sendo acomodado em uma mesa recanteada, afinal, o grande Dr. Jessé não gostaria de ser importunado por alguma mulher que desejasse consertar alguma coisa no próprio corpo e nos últimos meses estava sendo impossível não ser notado, devido a um programa de TV no qual participava todas as segundas. Instalado, o homem conferia o cardápio quando não pode deixar de notar a presença de uma linda loura que o olhava, num meio sorriso safado, cruzando as pernas com classe, saboreando um champanhe, deslizando a língua sobre os lábios. Desacostumado, mas amante do flerte ele divertia-se com a situação, alimentando, fomentando o envolvimento a distância com sorrisos, olhares..., na expectativa de que em algum momento o acompanhante daquela belíssima e charmosa mulher chegasse, levando-a consigo. Com esses pensamentos Jessé se serviu de sua janta, da sobremesa, do vinho maravilhoso sob os olhares atentos e provocantes da loura, que continuava sua refeição solitária, como ele. Curioso, intrigado e receoso, o doutor continuava embevecido com a caça, a conquista e quando a mulher destrançou as pernas mostrando um branco de sua peça íntima, através da abertura do longo vestido azul, despertou um desejo louco no homem, que involuntariamente olhou para o membro, buscando esconder sua ereção flagrante, fazendo a mulher soltar uma gargalhada, desconcertando-o. Tomado pelo orgulho, sorvendo a taça de um só gole, o cirurgião levantou-se de um golpe, indo em direção à mulher e com redobrada gentileza, num olhar galanteador e um sorriso reluzente disse:
- Boa noite! Poderia fazer-lhe companhia?
- Boa noite! – Respondeu a mulher. – Como posso saber se logo sua esposa não chegará aos gritos, cobrando o que lhe é de direito?
- Da mesma forma que corro o risco de ser arrancado da cadeira e atirado porta a fora. – Retrucou ele alargando o sorriso.
- Marcela! – Disse a mulher estendendo a mão.
- Hum! A pequena guerreira! – Disse o homem tomando a mão dela entre as suas, beijando-a e sentando a seguir.
- Não entendi. – Falou a mulher franzindo a testa.
- Marcela! A pequena guerreira. Esse é o significado do seu nome que tem origem latim, embora possa ter outros significados. Mas, esse é o mais utilizado. – Explicou Jessé, orgulhoso de seu conhecimento.
- Muito bom! Anda com uma lista de nomes de mulheres e seus significados no celular?
- Gosto de mulheres espirituosas! Perdoe-me, meu nome é....
- Jessé! O grande doutor Jessé. – Completou a mulher.
- É. Tem sido difícil manter o anonimato. Começarei a sair disfarçado. – Disse o doutor, sorrindo. – Que faz a mais bela das mulheres da cidade sozinha em uma noite de sexta-feira?
- Hum. Não sabia que além de famoso também é tão galanteador! Mas, posso fazer-lhe a mesma pergunta. Que faz o solteirão mais cobiçado da cidade sozinho em uma sexta-feira? – Retornou Marcela.
- Digamos que procurava pela mais bela mulher desacompanhada da cidade e acabei por encontrar. Espero não ficar mais sozinho.
A mulher sorriu, deslizando mais uma vez a língua sobre os lábios, levando o médico a pensar: “É um sinal? ”. Na dúvida ele resolveu arriscar deslizando a mão entre as coxas da mulher que mordiscou os lábios levemente, retesando os músculos da perna, enchendo o homem de tesão e sem perder tempo ele sacou-lhe um beijo nos lábios vermelhos, mordendo-os com delicadeza, inflamando-a. Alguns beijos depois rumavam cada um em seu carro para o motel mais próximo e nem bem fecharam a porta os corpos se atracaram sobre a cama, rasgando suas vestes, dilacerando o desejo, pois a fome era gigantesca. Ao sentir a calcinha ser retirada aos pedaços do corpo, a mulher estremeceu, abrindo-se inteira para que ele invadisse a fenda entre suas pernas com a língua voraz, quente e habilidosa, infringindo um prazer intenso, acompanhado de gemidos e espasmos prolongados por mordiscadas planejadas no pequeno botão, fazendo com que Marcela urrasse, xingasse e gozasse. Desesperado com o som em seus ouvidos, Jessé escorregou a boca até os mamilos rijos dela ao mesmo tempo em que se encaixava no sexo molhado, iniciando movimentos de vai e vem entrando e saindo com vigor até ver a mulher convulsionar mais uma vez anunciando um novo orgasmo, rasgando sua pele com as unhas vermelhas afiadas, provocando um ardor que lhe encheu de mais tesão. Retirando o membro ereto da mulher, ele passou a beijar seus lábios, seios, umbigo, virilha..., tocando levemente em seu clitóris, provocando uma descarga elétrica na mulher que gemeu e sorriu, até entender o que de fato o homem desejava. Abrindo as pernas ela ofereceu-lhe o sexo que era sugado com delicadeza e firmeza ao mesmo tempo em que acolhia o mastro em sua boca o engolindo em sua totalidade, acariciando com as unhas os testículos, sentindo a sensação que isso provocava no cirurgião, ao perceber o membro pulsar em sua garganta. Prolongaram a posição por vários minutos até que Jessé levantou-se, colocando a mulher de costas, pernas abertas, posicionando-se entre elas preparando a entrada a cima de sua vagina para recebe-lo quando ela virou-se gritando:
- Aí não!
Decepcionado, ele puxou-a pelos cabelos empunhando o pênis em sua garganta, voltando logo em seguida a se posicionar atrás dela, invadindo seu sexo com força, estocando repetidas vezes até que ambos atingiram o clímax, contraindo todos os músculos do corpo, sentindo as forças abandonarem seus corpos, entregando-se a fadiga da aventura. Segundos depois, Marcela dormia exausta, amolecida pelos orgasmos múltiplos quando percebeu que Jessé a masturbava, impondo um incomodo, uma sensação boa que se misturava ao cansaço e quando deu por si, ele já estava dentro dela, entrando e saindo, despertando sensações, desejos, prazeres e gozos. Os olhos verdes dela estavam pequeninos, a voz pausada, o corpo enfraquecido, buscando descansar e ele a invadiu por uma duas, três vezes até que ela pediu:
- Por favor, Jessé! Vamos parar! Eu não aguento mais e já está me machucando.
- Tudo bem. Mas, com uma condição. – Disse ele.
- Qual? Perguntou a mulher com a voz entrecortada e a respiração ofegante.
- Vamos amanhã para minha casa de praia. Passaremos o final de semana lá.
- Deixa eu dormir um pouco. Preciso descansar antes de ir para casa, senão, não conseguirei dirigir. – Falou Marcela antes de adormecer.
Os funcionários e colegas da clínica nunca viram o doutor Jessé tão bem-humorado numa segunda-feira ou em quaisquer outros dias nos últimos anos. Chegou cumprimentando a todos de maneira efusiva, brincalhão, sorridente, totalmente animado. Tamanha era a sua felicidade que brincou com a doutora Virgínia, uma crítica ferrenha da forma severa com a qual ele tratava seus funcionários, em especial, os cirurgiões, sempre cobrando excelência nos serviços, alardeando que seu nome estava em jogo. Por alguns minutos, o clima entre os dois fora amistoso:
- Sinto que estás bem hoje, Jessé. Fico feliz em te ver assim!
- Sim. Tive um final de semana maravilhoso e nada vai estragar isso.- Disse ele.
- Ótimo! Espero que permaneça assim até o fim dos dias! – Cutucou a mulher.
- Eu também. Tenha um excelente dia, doutora Virgínia.
Os dois primeiros dias da semana seguiram assim, com o homem radiante, iluminado, atencioso com todos os funcionários, mas não relapso na exigência pela qualidade dos serviços. Na quarta-feira, realizou uma reunião com todos os médicos que atendiam em sua clínica ressaltando a busca constante para fazerem o melhor sempre, sem relaxar e depois de uma breve discussão acalorada com a doutora Virgínia e o doutor Fernandez, despediu-se de todos, às quinze horas, anunciando que naquele dia não voltaria mais. Claro que pelos corredores, às suas costas o burburinho de que estava apaixonado já rondava, a clínica e a recepcionista Margarete não deixava barato:
- Isso é rabo de saia. Aposto!
A caminho de casa, o cirurgião parou em um supermercado, fez algumas compras, entrou numa boutique no Shopping comprou roupas e saiu em direção à sua casa de praia. Quase uma hora depois encontrava com Marcela e seu lindo sorriso, feliz por tê-lo de volta:
- Que bom que voltou! Não aguentava mais ficar aqui sozinha! – Exclamou a mulher, beijando-o nos lábios apaixonadamente.
- Não me diga que já cansou desse lugar lindo? – Indagou ele.
- Não é isso, amor. Adoro ficar aqui, mas sem você e sem ter ao menos alguém para conversar...
- Logo teremos companhia. Tenha calma! – Argumentou ele.
- Quando vai me levar de volta? Meus pais já estão preocupados.
- Breve. Muito em breve! – Tranquilizou o doutor.
- E que companhia teremos? – Quis saber Marcela.
- Surpresa! Agora quero tomar um banho e fazer amor com você na piscina, vamos?
A mulher sorriu sem muita certeza, mas acompanhou o homem até o banheiro, onde tomaram banho juntos, descendo para a piscina em seguida. Jessé colocou a mulher deitada na mesa, arrancando as duas peças que cobriam seu corpo bronzeado, iniciando uma carícia com sua língua a partir dos seus pés, instalando o desejo imediatamente no corpo que se contorcia, deslizando lentamente até os joelhos, coxas até atingir o sexo molhado, enfiando sua língua completamente em seu interior ao mesmo tempo em que abria mais as pernas de Marcela, ganhando mais espaço para trabalhar nos pequenos lábios, sugando-os com volúpia, descendo por vezes até tocar em seu ânus, causando calafrios na mulher que gemia desprendendo sons quase inaudíveis. Erguendo as pernas dela na altura de seu tronco o homem foi se encaixando delicadamente dentro da gruta, aumentando a velocidade aos poucos, entrando fundo, retirando totalmente e escondendo o membro no meio dela, às vezes rápido, às vezes devagar, pincelando sua entrada até ouvir a mulher gemer:
- Ai, amor! Vou gozar! Mete fundo vai!
Obediente, mas não tanto, Jessé entrou vagarosamente, fazendo o corpo disposto a mesa trepidar em espasmos incontidos, transformando o ventre em ondas, cerrando os olhos, precipitando sentenças imperativas, desembocando em soluços que afirmavam um orgasmo intenso. Ainda sob os efeitos do prazer, Marcela teve seu sexo novamente degustado pela boca sedenta do homem que a lambia e masturbava, apertava os bicos e chupava-a, entregando seu mastro aos cuidados dela que o abocanhou com vontade, lambendo, brincando e chupando, deixando o cirurgião na ponta dos pés, tamanho o prazer que sentia. Abdicando de sua vontade que era penetrar a mulher por trás, ele permanece de pé, permitindo-a continuar saboreando seu membro, se tocando, gozando e engolindo todo seu néctar com gula e satisfação. Após sugar todo o líquido derramado pelo homem, Marcela foi transportada para a piscina por ele, em seus braços, caindo num mergulho que lavava sua alma e recuperava as forças de Jessé que de imediato a posicionou de costas, beijando sua nuca, orelhas, apertando seus bicos e ajeitando-se dentro dela, afim de, iniciar mais um prazeroso coito e outro, depois outro e tantos mais até o cair da noite e as forças dela se esgotarem, sucumbindo ao sono profundo e reparador.
O cirurgião seguiu a semana com o astral lá em cima, iluminado, contagiando a todos e na sexta-feira à noite, entrava na boate Sensations elegantemente vestido numa camisa verde água, calça social azul marinho e um sorriso provocador, desferindo de imediato seu charme para a negra de cabelos trançados, olhos castanhos, lábios médios, seios pequenos, ancas largas, vestida em um longo amarelo com uma abertura lateral que denunciavam suas pernas grossas e atraentes. Obtendo a atenção da maioria dos ocupantes do local, o médico limitou-se a encostar no bar e pedir um uísque duplo, fingindo se concentrar no show que acontecia no local, alternando o olhar entre o palco e os olhos da bela que sorria e dançava com alguns amigos. Em poucos minutos, a conexão estava estabelecida, tornando evidente a sintonia entre os dois que aproveitaram um esbarrão provocado ao se dirigiram ao banheiro para se aproximarem:
- Desculpe! – Disse ela.
- Obrigada! – Respondeu ele.
- Obrigada, por que?
- Por ter me dado o prazer de esbarrar em mim. – Falou ele iluminando a mulher com seu sorriso. Posso saber seu nome?
- Érica. – Disse ela sorrindo com o galanteio.
- Jessé. Seria muito abuso convidá-la para um drink? – Solicitou ele.
- Estou com alguns amigos e não sei se irão gostar. São muito ciumentos. – Argumentou a mulher sorrindo.
- Eu também seria. Talvez a emoldurasse, apenas pelo prazer de ficar admirando sua beleza, porém, como não pretendo ser mutilado por amigos ciumentos, me contento com seu número de telefone e a promessa de nos vermos amanhã. – Sugeriu o cirurgião. Érica sorridente abriu a bolsa minúscula que carregava, retirando um cartão, passando o mesmo ao homem que se admirou:
- Hummm! Massoterapeuta?! Estou mesmo necessitando de uma massagem!
- Ah, que pena! Você quer uma consulta? Não atendo aos sábados. Liga para o número de baixo e marca com minha secretária uma hora. – Falou ela com um sorriso repleto de maldade, deixando o homem ruborizado, contudo, Jessé não era o tipo de homem que se desconcertava com facilidade e rapidamente se refez dizendo:
- Farei o seguinte: amanhã verei como se sai a massoterapeuta longe do seu local de trabalho e se for realmente bem, repito a dose durante toda a minha vida! Fechado?
A mulher sorriu meneando a cabeça e decretou:
- Tenho que voltar. Já estão me olhando chateados.
- Não os culpo. Eu que acabei de conhece-la, já sinto saudades. – Revelou Jessé.
- Então, ligue amanhã. – Falou a bela negra, saindo em direção a turma de amigos, deixando o cirurgião a observar aquele gingado se despedindo sensualmente, como sorrisse para ele. Sem muito mais a fazer no local, Jessé retornou ao bar, ingeriu mais uma dose dupla de sua bebida quente preferida e saiu a procura de outro lugar para curtir a noite. Vagando por algumas horas entre boates e restaurantes, o médico avistou de longe uma pequena festa, bastante animada em uma boate e, especialmente, uma morena corpulenta lhe chamou a atenção. Os cabelos ruivos longos e esvoaçantes criavam uma imagem linda que contrastava com os lábios adornados de preto, alongados num colar de pedras pretas que recaiam sobre o decote em ‘V” profundo, explodindo os seios fartos e suculentos, que disputavam espaço em um cropped vinho que deixavam aparecer o piercing no umbigo, despencando delicadamente sobre o short jeans curto. Cuidadoso, o homem encostou o veículo na calçada, desceu e recostou sobre o mesmo, observando o espetáculo. Era uma festa Funk, lugar que normalmente ele não frequentaria, não fosse a visão da mulher rebolando. Não poderia dizer que era exatamente o modelo de comportamento que apreciava, mas a dança, o rebolado, o sex-appeal que emanava daqueles movimentos o paralisavam. Longos minutos se passaram sem que conseguisse se desviar de cada passo, de cada gesto envolvente da mulher que acabou por se aproximar dele:
- E aí, tio. Perdido?
- Sim. Completamente perdido por sua beleza e sensualidade. – Respondeu ele hipnotizando-a com o sorriso. - Qual sua idade?
- Dezenove. Quer entrar? Perguntou ela.
- Seu nome? – Ignorou o médico.
- Ieda e o seu? – Devolveu a menina.
- Jessé.
- Quer entrar? – Insistiu ela.
- Não. Não quero! Gostaria de sair, mas você é muito novinha. – Provocou ele.
- Novinha para que? Quer me comer? – Atirou a menina descolada.
- Talvez. Mas, acho que não vai sair de sua festa e eu não pretendo entrar nela. – Atiçou o homem.
- É um convite? – Indagou Ieda.
- Pode ser...., mas, temo que não possa me dar o que preciso. É muito novinha! – Tornou a cutucar.
- É mais fácil o senhor não suportar o que poderia lhe dar! – Devolveu ela.
- Só temos uma forma de saber e não é aqui conversando. Vamos dar uma volta? – Convidou Jessé, certo de que tudo corria a seu favor.
- Onde? – Quis saber a mulher.
- No motel. – Disse ele olhando diretamente dentro dos olhos dela.
- É. Vamos. Não creio que vá demorar mesmo. – Respondeu a jovem, soltando um sorriso sarcástico. Tão logo ouviu a resposta ele entrou no carro, abrindo a porta do carona e saindo em direção ao motel. Já no caminho, Jessé começou a tocá-la nas pernas, seios, buscando abrir o zíper do short dela, que gargalhava com a frustração transparente no rosto de Jessé. No motel, invadiram o quarto aos beijos, retirando as roupas desesperadamente e quando se viu livre das peças o homem a arrastou ao banho, ensaboando cada parte do corpo de Ieda, lavando com esmero e provocante sensualidade, aproveitando para masturbá-la com o sexo totalmente ensaboado, deslizando os dedos dentro dela, pressionando o clitóris, levando a funkueira a um gozo intenso, aliviado pela água fria em seu corpo e quando se restabelecia, teve as pernas abertas e a língua quente, poderosa e habilidosa invadindo sua vagina latejante. Com as mãos apoiadas nas paredes a mulher estremecia, gemia, tentava se equilibrar na indecisão de segurar-se ou apertar os próprios mamilos. Sucumbindo ao prazer, Ieda permitiu-se despencar lentamente ao chão, colocando uma das pernas na parede para dar melhor ângulo as chupadas de Jessé, que o fazia com gula, apertando os lábios contra o clitóris enrijecido, mordiscava os grandes lábios e sugava como se a quisesse devorar. Alargando o espaço entre as pernas dela o homem correu sua língua do ânus até o umbigo da mulher que contraiu o abdômen, cravou as unhas em volta do pescoço exposto a sua frente, grunhindo, cerrando os olhos e berrando:
- Ai, meu Deus! Como esse tio chupa gostoso! Estou gozando...
Sentindo o gosto da mulher na boca, o cirurgião parecia enlouquecido, aumentando a volúpia nas carícias orais, sugando com contundência o botão que pulsava, a vagina que contraia, levando a mulher a mais um orgasmo intenso:
- Ai, tio. Vai me matar! Estou gozando de novo! Isso! Vai! Não pa…ra...!
Aos poucos, ele foi diminuindo a intensidade das chupadas, terminando por suavemente deslizar a língua por sobre o sexo encharcado de Ieda que se contorcia, só percebendo que Jessé não mais a tocava, apenas observava o espetáculo, minutos depois. Ao abrir os olhos, a mulher não teve muito tempo. Avançando, o homem encaixou-se totalmente no sexo ainda em brasas, estocando furiosamente em seu fundo, repetidas vezes, até fazer explodir mais um gozo em Ieda que já começava a sentir as forças lhe abandonarem diante de tanto prazer. Quando sentiu o peso aliviar-lhe o corpo, abriu os olhos e viu Jessé de pé, admirando o momento mais lindo de uma fêmea e no em seu íntimo não acreditou ao ver o membro do homem em riste a desafiá-la. Ergueu-se com certa dificuldade alcançando e engolindo-o por completo, arrancando o urro de prazer das entranhas daquele tio, como o chamou. Bombeando com os lábios agora era a vez dela de mostrar do que era capaz. Acariciando o saco e lambendo a cabeça, olhava para cima e via às sensações que provocava e como que para se vingar afundou o membro na boca, atingindo a garganta e pressionando-o com ferocidade, fazendo com que pulsasse, anunciando o jato abundante que correria por seu interior. Ao ouvir os impropérios desferidos pelo cirurgião a mulher sentia-se vingada, lambendo calma e suavemente todo o líquido, deliciando-se com o tremor das pernas de Jessé que sorriu pegando em seus cabelos, arrastando-a para a cama, onde a pousou de quatro, espalmando a mão em sua bunda e acariciando seu sexo por trás. Gritando, gemendo e xingando muito Ieda sentiu a vara tensa rasgando as paredes de sua vagina que piscava alucinadamente, clamando por ser penetrada e estocada com violência até a parte mais profunda de seu interior. Ao mesmo tempo, em que entrava e saia com fúria ele preparava seu ânus com o dedo polegar, acariciando, envolvendo, alargando a passagem e excitando ainda mais a mulher que gemia alto:
- Está me deixando louca! Que tesão! Vai fundo, vai... Ahhhh....
Ieda ainda gozava quando sentiu a troca maliciosa de Jessé. Retirando o membro da vagina em chamas, ele colocou suavemente no ânus recém preparado por ele, instalando-se pouco a pouco, centímetro a centímetro, provocando uma mistura perigosa de dor e prazer na mulher que mexia, urrava, berrava e rebolava, tentando acondicionar o mastro em seu orifício. Totalmente acoplado, o médico realizava movimentos planejados e estratégicos, afim de, não machucar a mulher, retirando o pênis quase que totalmente e afundando-o bem devagar, enlouquecendo a mulher que foi ao ápice quando ouviu ele avisar:
- Vou go...zar...
- Eu também, tio...
Incrédula, após alguns minutos Ieda olhou para Jessé e perguntou:
- O que você toma?
- Como assim? – Retornou ele.
- Deve tomar algum estimulante, não é possível! Me fez gozar inúmeras vezes e isso nunca me aconteceu. – Relatou ela.
- Ah, sim. Tomo! – Respondeu o cirurgião sorrindo.
- O que? – Quis saber ela.
- Isso! – Disse ele, aproximando-se dela, abrindo suas pernas e voltando a lamber seu sexo já sensível, retesando seu clitóris, preparando-o para mais uma jornada de prazer. Sem entender e sem mesmo querer Ieda deixou que seus sentidos fossem tomados por aquela onda maravilhosa que a invadia e gozou mais vezes com aquela língua contornando sua vagina inebriada de tesão.
Nas primeiras horas do sábado, Jessé chegava a ilha acompanhado de Ieda, sob os olhares desconfiados e enciumados de Marcela que logo se achegou, abraçando e beijando-o nos lábios de forma apaixonada:
- Quem é essa, amor?
- Sua companhia! Ieda.
As mulheres se cumprimentaram com acenos de cabeça, seguindo o homem até a cozinha, onde depositou algumas sacolas que Marcela começou a arrumar em seus lugares. Momentos depois de ter subido até o quarto com Ieda o homem retornava completamente nu, convidando:
- Vamos tomar um banho na piscina!
As mulheres se olharam e desprendendo um risinho cínico a loura começou a tirar a roupa, atirando-se na água, agarrando faminta os lábios de Jessé após um mergulho. Deslocada, mas se sentindo desafiada Ieda repetiu o processo da rival, disputando a atenção do homem que se refastelava entre os beijos lânguidos, lambidas e chupadas à sua disposição, entregando prazer a ambas, na mesma medida. Após saciar as duas fêmeas, ele apoderou-se do celular ligando imediatamente para Érica.
- Bom dia! Como vai a negra mais bela do planeta?
- Bom dia, doutor Jessé. A mais bela negra do planeta eu não sei, mas eu estou bem! – Respondeu a mulher gargalhando.
- Espirituosa e curiosa! Gosto disso! – Afirmou ele.
- Curiosa? Não entendi.
- Não lembro de ter dito que sou médico a você.
- Ah, não foi difícil saber. Um de meus amigos assiste seu programa às segundas. – Explicou ela.
- Ah, sei. Por um momento pensei ter despertado sua curiosidade. Que presunção! Poderei lhe ver hoje?
- Depende! – Respondeu ela, enigmática.
- Depende de que?
- Do que chama de ver.
- Vamos jantar! Te pego às dezenove horas, pode ser?
- Não disse que sim. – Falou ela.
- Mas, não negará. Me passa o endereço?
A mulher sorriu com a convicção dele, pensou um pouco e disse:
- Anota aí.
Sentindo-se vitorioso e mais irresistível que nunca o homem anotou o endereço e despediu-se prometendo uma noite inesquecível para Érica. Colocando seus planos em prática, Jessé permaneceu com as mulheres até o almoço, partindo de volta para casa, afim de, se preparar para mais uma noite intensa. Calculista, o homem passou a tarde em total relaxamento, deitado na cama, sorvendo sua bebida, vendo TV, sem qualquer preocupação ou agito e quando viu o relógio apontar para às dezessete horas e quarenta minutos, levantou o corpo preguiçoso e satisfeito com a energia renovada, escolhendo a roupa, iniciando o ritual para sair. Às dezenove horas em ponto, a mulher entrava no veículo parado à sua espera, a conduzindo a um dos melhores restaurantes da cidade, na orla. Ao sabor do vento, a noite parecia mágica e propícia para um novo romance que se materializava nas curvas sinuosas de Érica e na cobiça dos olhos brilhantes de Jessé. Pela primeira vez nas últimas semanas, de fato, ele se encantava com uma mulher. Trocavam beijos apaixonados, toques provocativos e olhares convidativos até que ele chegou ao ponto que ansiava:
- Vamos para a minha casa de praia? Estou louco para ter você só para mim!
- Não. Não irei. Tenho trabalho amanhã cedo e jamais iria com você ou qualquer outro homem que mal conheço para um lugar vazio de tudo. – Falou ela firme, deixando o homem pasmo. Nenhuma mulher havia rejeitado ou resistido a um convite seu.
- Por que? Acha que te faria algum mal? – Perguntou ele, tentando se refazer da surpresa.
- Não sei. O conceito de mal é muito relativo, mas de qualquer forma não irei para a sua ilha, nem para sua casa. – Determinou Érica, desconcertando totalmente o cirurgião. – Se quiser ficar a sós comigo, será em minha casa. No meu território. Odeio surpresas e, principalmente, as desagradáveis.
Tentando disfarçar a contrariedade e irritação, o homem sorriu, beijando seu pescoço e ao mesmo tempo em que acenava para o garçom disse:
- Seja como você quiser!
Uma inquietação tomou conta dele que tentava se consolar em pensamentos: “Poderia ser pior! Vou dar a ela uma noite que nunca teve e amanhã vai implorar para ir para a minha ilha! ”. Ao chegar, o garçom ficou parado em frente ao casal, que se devorava em um beijo enfurecido, retornando à realidade segundos depois. Érica surpreendeu ao homem assim que entrou em casa. Foi logo retirando a roupa, exibindo um conjunto de lingerie azul com uma calcinha ínfima, quase totalmente escondida em sua bunda enorme. Retirando o sutiã a mulher mergulhou no banheiro, invadindo a ducha de água quente, relaxando o corpo disfarçadamente tenso. Percebendo que aquilo era um jogo, Jessé acomodou-se no sofá macio, cruzando as pernas na espera por ela que propositadamente demorava. Muitos minutos de impaciência depois o cirurgião viu a negra surgir completamente nua, com os seios empinados, o sexo totalmente depilado, liso igual a pele de bebê, aproximando-se e colocando uma das pernas no braço do móvel, solicitando um agrado oral. Com o mastro vibrando de alegria dentro da calça e os olhos fumegantes, o homem não pensou duas vezes, avançou com as mãos em volta do corpo dela, arqueando-a um pouco para trás, deslizando a língua desde a base de sua vagina até o clitóris, levando a mulher a soltar um chiado profundo. Com o sentimento de que chegara sua hora, ele abriu o máximo que pode a boca, englobando o sexo inchado e molhado, sugando-o com força sentindo o corpo dela estremecer passando a aplicar sucções mais fortes no botão e nos pequenos lábios, mergulhando dentro dela e lambendo com maior velocidade imprimindo um gozo intenso seguido de impropérios e risadas. Assustado por não saber o motivo das risadas, Jessé interrompeu as carícias, fixando o olhar na mulher que respirava ofegante com os olhos semicerrados, abrindo-os lentamente, recuperando os sentidos. Érica lançou um olhar de gula sobre o homem, puxando-o para si e recolocando seu sexo na boca dele que voltou a chupá-la freneticamente, mordiscando, lambendo e tornando a presenteá-la com um orgasmo delicioso, lambendo todo seu prazer. Com as mãos e o corpo trêmulo ela abaixou delicadamente, ajoelhando-se frente a ele, sempre olhando em seus olhos desafiadoramente, abriu o zíper retirando o membro ereto e de um só golpe, engolindo-o inteiro, retirando um grito da garganta do cirurgião que estremeceu. Chupando e masturbando-o rapidamente, cheia de tesão e fúria não demorou muito para que o mastro derramasse toda sua emoção na boca da mulher que sugava o leite como se pudesse saciar toda sua fome. Mantendo o olhar sensual e desafiador Érica pôs-se de pé, agarrando o membro e puxando o homem para o quarto, atirando-o a cama, inerte. Louca, a mulher passou a rasgar toda a roupa do corpo inerte e quando via apenas a nudez estampada em sua frente, lambeu os lábios e abocanhou a verga com delicadeza, como se o beijasse com todo o carinho contido em sua alma ao mesmo tempo em que gemia por isso. Inacreditavelmente, a massoterapeuta teve um orgasmo apenas chupando o confuso doutor que sentia as carícias como se fossem sugar suas energias, sentindo o membro pulsar mais forte ao ouvir a mulher sentenciar:
- Que delícia! Estou gozando, meu doutor!
Como profundo admirador do espetáculo, Jessé lutava para manter os olhos abertos e aproveitar a visão do corpo se contorcendo, espasmando em sua frente, despudorado e entregue. Erguendo-se ele tentou tocá-la sendo abruptamente devolvido a cama, montado com agilidade, tendo o pênis alojado no sexo de Érica que iniciou uma cavalgada lenta e muito bem executada. Subindo até a cabeça do membro a mulher provocava contrações na vagina que massageavam o membro, enlouquecendo o doutor e depois enterrava toda a vara em seu interior. À medida que, as sensações aumentavam ela cravava as unhas no peito dele, primeiro lenta e superficialmente, depois rasgou a pele com força, fazendo filetes de sangue surgirem, levando o homem a desafiar a dor, invocando o prazer que emanava do fundo de sua garganta:
- Ahhh, assim vou gozar logo!
Um sorriso cínico e safado se desenhou nos lábios da massoterapeuta que voltou a massagear a cabeça do membro pulsante e a engoli-lo com o sexo, subindo e descendo com rapidez e quando percebeu o abdômen de Jessé contrair-se, denunciando a aproximação da ejaculação, deslizou rapidamente o mastro para seu ânus, redobrando o prazer de ambos e ouvindo o urro do doutor ecoar pelo quarto:
- Ahhhhhhhhhhh. Sacana!
Ao perceber que ela também chegava ao orgasmo ele não perdeu tempo, iniciando um rebolado rápido em movimentos circulares inundando-a de prazer, derramando seu líquido quente e volumoso, explodindo sensações, gemidos, gritos e xingamentos por toda a casa. Exausta, ela pendeu sobre o homem, permanecendo por alguns minutos engatada a ele até que se dirigiram para o banheiro onde proporcionaram-se muitos prazeres e quando saía, Jessé voltou-se para ela e disse:
- Caso mude de ideia, me ligue e vamos para a casa amanhã bem cedo, ok?
- Não se preocupe! Não mudarei! Tchau! – Respondeu ela.
Desolado, porém, satisfeito o cirurgião passou o domingo na casa de praia festejando com Marcela e Ieda mais uma conquista. Embora, não tivesse sido exatamente como planejara. Na segunda-feira, participou do programa na TV e compareceu na clínica, assim como na terça e na quarta-feira, deixando a doutora Virgínia que o interpelou tão logo entrou em sua sala na quinta-feira:
- O que está acontecendo, Jessé? Agora some, não atende ligações, não se preocupa mais com às consultas...
- Bom dia, doutora Virgínia! Estou bem e a senhora? – Ironizou ele.
- Deixa de sarcasmo! Está ficando relapso! – Vociferou a mulher. Pacientemente o homem levantou-se da cadeira e com voz pausada falou:
- Doutora Virgínia..., estimo sua preocupação comigo e com a minha clínica. Mas, deixe que de minha vida e meus negócios cuido eu.
- De sua vida tudo bem! Mas, quando você não vem, quem toma conta disso aqui sou eu! – Gritou a doutora.
- Lhe pago muito bem para isso ou não? Sabe, acho que a senhora está precisando relaxar. – Diagnosticou Jessé aproximando-se mais da mulher, colocando uma mão em sua nuca, aplicando-lhe um beijo intenso ao mesmo tempo em que afundava a mão por baixo da saia dela, alcançando a lateral da calcinha e tocando no sexo molhando da mulher, por alguns segundos ele permaneceu excitando-a, ouvindo pequenos gemidos e quando sentia o corpo estremecer, encerrou a carícia, sorrindo maliciosamente para a mulher. – Bem, aqui não poderei dar o que precisa, mas sabe onde fica minha casa.
Revoltada, desconcertada e excitada, a médica desferiu um tapa no rosto de Jessé que sorriu e disse:
- Não sabe o quanto isso me excita! Se estivéssemos no local apropriado..., sei não...
Mexida e furiosa a doutora girou sobre os calcanhares e saiu batendo a porta com força, deixando o chefe e colega com um risinho satisfeito nos lábios. Naquele dia, ele estava disposto a seguir sua rotina, visto que já havia preparado a noite de sexta-feira, permanecendo na clínica até as dezoito horas, seguindo para casa feliz com seu dia proveitoso. Uma hora e meia descansava em seu móvel macio quando a campanhia foi insistentemente acionada. Resmungando bastante se dirigiu até a porta e ao abri-la para sua surpresa encontrou a face conflituosa da doutora Virgínia e sorriu maliciosamente espantado:
- Doutora Virgínia! Que bons ventos a trazem aqui?
- Não é nada do que está pensando! Vim apenas para dizer que não gostei do jeito que me tratou hoje e que se arriscou muito, pois, poderia lhe denunciar ao conselho de ética. – Disparou a mulher transtornada.
- Claro, claro. Quer entrar para me dizer mais alguma coisa ou é apenas isso? – Sacaneou ele.
- Você se acha, não é Jessé? Pensa que sou o tipo de mulher que...
- Você vai entrar ou vai embora? Não vou ficar aqui na porta ouvindo suas lamentações! – Determinou o cirurgião. Vacilante a doutora deu alguns passos à frente, parando tão logo passou da porta que foi fechada atrás dela. – Bebe alguma coisa, doutora?
- O que está bebendo? – Perguntou ela.
- Uísque sem gelo.
- Lhe acompanho. – Falou ela.
- Vamos, sente-se! Relaxe! – Convidou Jessé, caminhando em direção ao bar, voltando com a bebida e sentando-se, após entregar o copo à colega. – Quer dizer que você se abalou de sua casa para me alertar do risco que corri por fazer isso. – Resumiu o homem já partindo para um beijo selvagem na boca da mulher, correndo a mão pelos seios, pressionando-os contra a blusa branca que ela usava, deixando-a sem fôlego.
- Eu não vim aqui para isso, Jessé! – Falou ela ao livrar os lábios.
- E veio para que mesmo, doutora Virgínia?
- Vim para admoestá-lo e....
A mulher não conseguiu completar a sentença ao ver o membro dele balançando a sua frente, ereto, pronto para alimentar a sua fome.
- Tome! Isso vai acalma-la! Disse ele, inserindo o membro na boca da mulher que o tomou com voracidade, engolindo até onde pode enquanto, assistia sua blusa ser aberta e os seios sendo retirados por baixo do sutiã e acariciados pelas pontas dos dedos dele, intumescendo-a, ao mesmo tempo em que chupava o membro duro a mulher protestava:
- Meus Deus! Que loucura! Eu não vim para fazer isso. Melhor pararmos.
Voltava degustava mais um pouco da verga e repetia as palavras até que teve sua roupa totalmente tirada e quando sentiu ser penetrada gritou:
- Vai Jessé! Fode essa boceta com vontade, mete tudo!
Sorrindo ele obedeceu, dando prazer o suficiente a ela para que passasse o resto da semana alegre, porém, o foco dele era a sexta-feira à noite. Havia convidado uma funcionária da emissora de TV onde participava dos programas às segundas para um jantar e a linda nissei aceitara, povoando a mente dele de ideias e fetiches. Nunca estivera com uma nissei antes e essa chance não perderia por nada, mesmo a deliciosa Érica convidando-o a ir ao seu apartamento. Ela poderia esperar. Como um lobo babando no galinheiro, Jessé chegou ao restaurante onde havia feito às reservas, sentando-se a espera de Kumi e ao pensar nisso Jessé deixou escapar um trocadilho:
- Ainda não Kumi!
Diante do próprio gracejo ele soltou uma gargalhada ouvida pelo garçom que perguntou:
- Chamou senhor?
- Não. Obrigada. – Respondeu ele tentando conter o sorriso. Os minutos passaram e já começava a se culpar por não insistir em buscar a mulher que rejeitou sua proposta de pegá-la em casa e quando imaginava que ela não apareceria Kumi surgiu linda com aqueles olhinhos puxados, de minissaia, cabelos negros soltos e um sorriso que parecia a lua. Cavalheiro que era, Jessé levantou-se puxando a cadeira para que a mulher sentasse ao seu lado.
- Nossa! Pensei que não vinhas mais!
- Desculpe senhor Jessé. O ônibus demorou e essa hora o trânsito é horrível. – Justificou Kumi.
- Poderia ter sido evitado se me deixasse ir te buscar. – Ponderou ele.
- O senhor não entende. Imagine o que as pessoas iriam dizer se me visse entrar no carro com um homem tão famoso? Amanhã estaria sendo falada em todo o bairro e meus pais iriam me matar. – Explicou ela.
- Tudo bem, Kumi. Entendo. – Disse o doutor com a mente já fervilhando de ideias a colocando a mão na perna da mulher que se recolheu. A noite seguiu como ele havia planejado. Após o jantar dançaram, conversaram e rumaram para o motel, onde Kumi ficou extenuada de tanto prazer, combinando para o dia seguinte irem para a casa de praia. No sábado pela manhã o homem mais satisfeito do mundo chegava a casa com a linda nissei ao lado, sendo observada por Marcela e Ieda enciumadas. Contudo, Jessé não deixava dúvidas que era capaz de alimentar e sustentar as mulheres e assim promoveu uma festinha a beira da piscina colocando Marcela deitada na cadeira, enquanto, lambia seu sexo com habilidade, convocando as outras duas para juntarem-se a eles e dilacerando os desejos de todas, uma a uma, deixando-as cansadas, saciadas e sonolentas. Durante uma semana a vida fora perfeita para o médico. Saia com Érica, às vezes, voltava para a casa de praia, onde se fartava de sexo com suas mulheres e de vez em quando recebia a visita secreta de sua colega e funcionária Virgínia. No entanto, algo havia lhe escapado a mente, ninguém desaparece sem deixar rastros e Kumi havia abandonado o trabalho e no auge de sua autossuficiência, Jessé esquecera que ela havia comentado sobre sua família e quando percebeu a foto da mulher estava estampada em todos os telejornais da cidade. Por mais que tentasse manter a calma, aos poucos ele se desesperava ao ver os jornais mostrarem diariamente a foto da nissei, dos pais e a preocupação dos colegas na emissora. Não demorou muito e o que mais temia aconteceu. O garçom que os servira reconheceu a mulher e alardeou que a havia visto junto ao famoso doutor Jessé. Logo as pessoas na emissora ligaram os fatos, a polícia o procurou e quando alguns colegas falaram da casa de praia as mulheres foram encontradas nuas na ilha e ele preso. A sociedade se admirou, julgou e condenou. Os amigos diziam: “Como pode? Um cara que tinha tudo, fazer algo assim! ”. As mulheres mais próximas se indignavam e reconsideravam suas opiniões: “Quem diria! Um homem tão lindo, rico, gostosão e safado! ”. Pior que os jornais, os colegas e os estranhos são os vizinhos: “Eu sempre desconfiei dele! ”. – Dizia uma. “Achava estranho um homem jovem, rico, tão bonito e sozinho! “. – Comentava a outra. Certo mesmo é que a sociedade se mobilizou e se espantou quando as três mulheres chegaram até a delegacia para prestarem depoimento e disseram livremente em comum acordo que o homem era inocente. Marcela disse:
- Eu estava lá por que queria e gosto dele.
Ieda declarou a imprensa: “Ele é um bom homem! Cuidava da gente e eu amo ele! “. E para desespero e vergonha da família Kumi atacou:
- Esse povo não tem o que fazer! Fica se metendo na vida dos outros. Jessé é um ótimo homem e nenhuma de nós estava presa. Encontraram a gente sem roupas por que estávamos esperando nosso homem! “ . Dois dias depois de muita confusão, o doutor Jessé saía da delegacia abraçado às mulheres e numa entrevista o delegado revelou:
- Durante esses dias em que ficou preso o doutor Jessé manteve-se calmo, com total lucidez, sendo avaliado pela psicóloga doutora Avandéa de Marcus que não encontrou sinais de distúrbios que representassem quaisquer perigos a sociedade e em vista das declarações das supostas vítimas de que estavam lá por livre e espontânea vontade, não havia motivos para mantê-lo sob custódia.
Tão logo o delegado proferiu a última sílaba, os repórteres correram para cima da doutora Avandéa que passou a explicar o caso de Jessé:
- Bem, depois de conversar com o doutor Jessé e realizar alguns exames. Chegamos à conclusão que ele sofre de compulsão sexual, um distúrbio em que o indivíduo apresenta um nível elevado de desejo sexual e como foi comprovado, o doutor Jessé não é um criminoso, nem tarado. As próprias parceiras testemunharam que estavam com ele de livre e espontânea vontade.
Os dias se passaram e a vida voltava ao normal para o cirurgião. Passava parte da semana em casa, cuidando dos seus compromissos, parte na ilha com suas três mulheres que de vez em quando recebiam a visita de Érica, que aos poucos se achegava, só não permanecendo por causa do trabalho que insistia em manter, apesar de todas as insistências de Jessé para que ficasse lá e ao menos duas vezes por semana a doutora Virgínia aparecia na casa dele para receber um reforço. Totalmente realizado, ele resolveu colocar uma placa de identificação na frente da casa onde dizia:
Harém do jessé
Gérson Prado