January 14, 2022
Da boca que se abre na Barra
Correm águas esverdeadas
Até Airumã.
E, quando no rio se esbarra,
vê-se os filhos de Xangô e yansã
Desfilando seus corpos
Cobertos tão somente pela felicidade.
Banhados nas águas de Moreré.
Entre mangues e águas quentes,
Caminham sorridentes vagalumes
Até as águas Bainema
Paisagem de cinema
Assiste ao beijo
Gosto de camarão
Daluz pouco se enxerga,
Apenas um corpo que verga,
Como polvo, seu caldo,
Suas alegrias,
Minhas fantasias.
É tarde finda
O vinho brinda
O amor em Moreré
Gerson Prado
April 11, 2019
Dia da poesia
Venho saudar-te linda mulher
Por tuas formas e beleza
Nos teus devaneios me levas onde quer
Percorres caminhos com bravura e sutileza.
Agradeço-te pela inspiração
Por ser minha eterna companheira
Por povoar meu coração
Por seres eterna, lépida, lenta e passageira.
Não sei qual forma te dar
Pois, em tudo se transformas
Permeias minha alma, a inquietar
Tens seus próprios segredos, leis e normas
Uma senhora de idade avançada
Que renasce a cada dia
Muitas rimas, melodias e versos na estrada
Navegas no amor, na dor, na tristeza e na alegria.
Em teu corpo sinuoso
Homens e mulheres sugam tua energia
Encantando-se neste mundo delicioso
De rimar até ser poesia!
Feliz dia da Poesia!
April 11, 2019
Inefável
Me deixe entrar
Sem alarde, em anuência
Pisando manso, devagar
Enveredando por tua saliência
Permita-me ficar
Ainda que em dissentimento
Se deixe navegar
Pelo mar que alimento
Mar de sensações
De perturbações totalmente inesperadas
Te entregando furacões
De almas livres, escravizadas
Escravas da liberdade
De reações impensadas, incontidas
Da indizível dualidade
Das palavras improvisadas, proibidas
Proibidas pela inexpressividade
Por não se efetivar
Tanta lasciva, profundidade
Melhor sentir sem articular
April 11, 2019
Perdida
Perdera a inocência
Nos lábios de uma paixão
Descobrira com resiliência
Que o amor entrega ao coração
Não apenas amores
Que sonhos
Trazem dissabores
Momentos tristonhos
E que o príncipe
Não é encantado
Que as paixões não são eternas
Que pode ser um sujeito mal-intencionado
Uma vez entre suas pernas
Transforma-se sapo
E todo aquele papo
Destrói ilusão
Perdera a fé
Quando se viu abandonada
Pensava estar de pé
Viu-se prostrada
Joelhos ao chão
Clamando por ajuda
Incrédula, perplexa
Muda!
Diante da vida complexa
Não viu saída
Quando o amor
Deu partida
Lhe restou pouca coisa
Quase nada
Apenas a dor e poeira
Escolha, encruzilhada
E finalmente, se achou
Em meio a solidão
Voltando ao começo
Sem inocência, chorou
Diante de mais um tropeço
Aquele coração
Ferido, não mais colou
April 11, 2019
Olhar
Paixão, desejo, ternura
Como doce travessura
Vestem a retina
Transfigurando mulher menina
Ápice do preambular
Sem palavra pronunciar
Alma em desatino
Reduzindo homem menino
Avessando a razão
Tempo, espaço, sofreguidão
Baile de entrelaços
Beijos, cheiros, braços
Esvaísse- a areia
A saudade semeia
Dos encontros algoz
Eu, tu e nós
Gérson Prado
November 27, 2016
Alimentação na Praça
Hoje é comum vermos o ser bicho
O homem degradado e sem moral
Alimentando-se do lixo
Pior que um outro animal!
Um animal pensante
Vivendo dos restos de outro
Disputando de um jeito humilhante
Com cães de rua e ratos de esgoto!
O homem que se mata
Não consegue matar a fome
Enquanto o bicho maltrata
O homem bicho o lixo consome!
Um homem sem dignidade
Tantos outros sem coração
Pelas ruas da cidade
O lixo vira praça de alimentação!
E o que se vê,
É miséria e futilidade
Nos apartamentos cães vendo TV
Homens e bichos vivendo em igualdade!
Uma igualdade desigual
Pet shops para cães e gatos
E o homem, ser social,
Vivendo de restos e farrapos!
Não é apenas questão de sociedade
Como muitos insistem em dizer
É antes questão de racionalidade
Tratar bem um outro bicho e seu semelhante de fome morrer!
Será que é mais fácil viver
De sonhos e olhos fechados
Ver seu igual aos poucos morrer
Sem comida, sem esperança, com seus direitos alijados?
Como se sente em saber
Que o resto por você deixado
Aquilo que tem nojo de comer
Está no lixo por outro sendo disputado?
Talvez nunca tenha parado para pensar
Seu dia seja corrido, trabalho, estudo, malhação
Mas quem sabe você possa ajudar?
Está aí, pode ser o momento de uma reflexão!
Gérson Prado
May 02, 2016
A donzela
A donzela
Ela passa
Leva-me o pensamento
Atinge, transpassa
Meu íntimo, sentimento
Olha sem olhar
Lábios contraindo
Sorriso a desenhar
Fogo me consumindo
Seu rebolado
De mim debocha
Fico alucinado
Frenesi me acocha
Fico na janela
Esperando-a passar
Donzela na passarela
Flutuando ao desfilar
Sabe ela
Que me mexeu
Ah..., donzela
Quero ser teu
O passado passou
Virgem te vejo
Não importa quem amou
É a primeira vez que te desejo
Gérson Prado