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Uma noite apimentada!

 

 

Cleide não queria ir ao Shopping! Preferia ficar em casa e ver sua tv, tranquila e calma como sua natureza pedia. No entanto, seus pais não a permitiram escolha. Teria que levar a irmã mais nova ao Parque de diversões! Há duas semanas estava adiando, mas agora a loura de olhos esverdeados, lábios médios sorridentes, sempre adornados pelo batom nas cores vermelha ou rosa, seios médios, pernas grossas e ancas largas, não tinha saída. Assim, no final daquela tarde de sábado saiu com a irmã, com cara de poucos amigos.

O jeito pacato de Cleide não combinava com a agitação do shopping, com pessoas desesperadas pelo consumo, com o vai e vem nos corredores. Vez por outra, alguém esbarrava nela ou ela em alguém, o que a deixava irritada e louca para deixar o lugar. A irmã, apressada em chegar ao local, quase voava entre a multidão, esticando-a pelo braço, fazendo-a trôpega, trombando literalmente com um jovem que a segurou por um dos braços, evitando que caísse. Ao olhar na direção do rapaz, os olhos de Cleide se iluminaram, seu coração disparou, as mãos suaram e tremeram. Era o sorriso mais lindo que já vira e quando ele perguntou:

- Tudo bem com você?

Aquela voz despertou milhares de sentimentos dentro dela. Sinos tocaram, bandeiras se agitaram, rios transbordaram e a voz saiu quase inaudível:

- Sim, tudo bem. Desculpe! A culpa foi minha.

- Vamos logo, Cleide! – Gritou Sibele, sua irmã.

- Sim. Vamos! – Falou ela sem muita certeza, com os olhos presos nos do rapaz à sua frente.  Caminhando e olhando para trás, ela percebeu que ele acompanhava seus passos e seu olhar até sumir em meio a multidão. Ao subir as escadas rolantes ela buscava, em vão, localizar o dono do olhar penetrante que a tirara do centro e em determinado momento sentiu-se boba, envolta por aquelas sensações.

A despeito de Sibele estar se divertindo muito e insistir para que a irmã também se divertisse, para Cleide aquele era um local entediante, pois, sentia-se muito adulta, apesar dos dezenove anos, para encantar-se com os brinquedos. Aos poucos foi sendo contagiada pela alegria da irmãzinha flagrando-se rindo com a alegria da menina e em certos brinquedos que lhe assustavam, voltando por alguns instantes a ser criança. Caminhava sorridente quando a voz a suas costas pronunciou:

- O sorriso mais lindo que já vi!

No mesmo instante as pernas da jovem tornaram-se insuficientes para segurar-lhe o corpo, devido a tremedeira que se apossou delas e ao virar-se deu de cara com o rapaz que havia trombado a pouco, permanecendo rubra, tentando fugir dos olhos que a estudavam com atenção.

- Vamos, Cleide! Agora quero ir naquele brinquedo lá de cima. Vamos! – Gritava Sibele desesperada.

- Posso saber onde mora, Cleide? – Indagou o rapaz com voz empostada e olhar sedutor, deixando-a confusa, pois, ao mesmo tempo Sibele a esticava.

- Claro que não. Eu não te conheço! – Defendeu-se ela.

- Não seja por isso. Ivan! – Disse ele, oferecendo-lhe uma das mãos afim de formalizar a apresentação. Hesitante, a moça estendeu a mão, aceitando o cumprimento e recolhendo-a rapidamente após o comentário de Ivan:

- Nossa! Sua mão está gelada! Você está bem?

- Estou sim. Tenho que ir. Vou levar minha irmã para brincar, tchau.

- Posso lhe acompanhar?

Sem dar resposta, ela saiu, sendo praticamente arrastada pela irmã. Embora a cabeça estivesse no rapaz que acaba de conhecer, Cleide tentava se convencer que não queria saber mais sobre ele e que aquilo que sentia só acontecia em contos de fadas ou nos livros que lia e para sua surpresa, Ivan surgiu do lado oposto ao que se encontrava, invadindo-a com seu olhar.

Caminhando lentamente em sua direção, ele não lhe deu a menor chance:

- Me diga seu número! Não vou atrapalhar seu passeio com sua irmã, mas quero conversar com você outro dia!

Não era um pedido! Era quase uma ordem que ela confusa, amou obedecer. Tão logo foi atendido, o rapaz despediu-se prometendo ligar no final daquela tarde, deixando uma jovem feliz, cheia de energia, tornando o passeio que até então era uma tarefa árdua, em algo prazeroso e divertido.

Por volta das quatorze horas, Cleide já estava completamente ansiosa, olhando o tempo todo para o celular e como mãe percebe tudo, dona Altamira indagou:

- O que você tem, Cleide? Toda hora olha para esse celular e voltou muito alegrinha para quem não queria ir levar a irmã. Viu passarinho verde?

- Nada mãe, oxe!

- Sei. Eu te conheço, filha! Alguma coisa aconteceu.

- Ela arranjou um namorado, mãe! – Gritou Sibele ao entrar na sala.

- Para de ser fofoqueira, menina! – Desesperou-se Cleide. Diante do olhar inquisidor e do sorriso nos lábios da mãe, ela tentou escapar:

- Ah! Vou para meu quarto estudar!

No entanto, a jovem não conseguia se concentrar em nada que não fosse no relógio e no aparelho, grudado na mão. Por volta das dezessete horas a agonia acabou quando viu o nome de Ivan na tela do aparelho, atendendo com a ansiedade tatuada na voz:

- Oi.

- Olá, princesa! Como estás? – Indagava a voz sensual do outro lado.

- Bem e você?

- Agora muito bem. Estou falando com a dona do sorriso mais lindo do mundo. Como não estar bem?

Totalmente rubra, a menina esboçou um sorriso, guardando-o para si mesma e continuou:

- Onde você mora?

- Feira de Santana. – Respondeu ele, fazendo com que um desânimo tomasse conta dela. A cidade ficava a umas duas horas de Salvador e isso poderia ser um empecilho para que se conhecessem melhor. “Mais o que estou pensando? O cara não me falou nada demais e já estou fazendo planos? Sou uma boba mesmo! ”. – Recriminou-se ela, em pensamentos.

- Ah, longe, não é? – Induziu ela.

- Longe para que? De onde? De quem? – Retornou Ivan, deixando a moça totalmente embaraçada.

- Só pensei que é longe de onde moro. Só isso!

- Sei. Distantes eram as chances de te encontrar hoje e aconteceu. Entrei naquele shopping apenas para esperar o tempo passar, pois, tinha um compromisso mais tarde e não queria voltar para casa e retornar. Olha o que aconteceu? Encontrei uma princesa!

Mais uma vez Cleide corou, assim como outras tantas no decorrer da conversa que se encerrou com a sinalização de um encontro já no domingo, deixando-a feliz, eufórica, encantada e assustada. Não estava habituada a encontros e principalmente com um estranho que acabara de conhecer. Porém, as horas pareciam não passar até o dia seguinte, fazendo-a passar uma noite insone e ansiosa.

Para uma moça tímida, embora decidida, Cleide acordou encantada com a possibilidade de estar apaixonada. Não que fosse pura ou inocente, e mesmo já tendo namorado outros rapazes, mantinha uma postura conservadora devido a criação que tivera e aquele sentimento a fazia sentir-se viva e motivada. Buscou não pensar muito no encontro a tarde para não despertar ainda mais a desconfiança dos pais, ajudando nos afazeres domésticos, no preparo do almoço e vez por outra brincando com a irmã.

Contudo, quando o relógio apontou para as quatorze horas, informando que faltavam uma hora para rever aquele sorriso encantador de Ivan, não conseguiu esconder o nervosismo e alegria, levando a mãe, sempre observadora a tecer o comentário:

- Deve ser mesmo um ótimo rapaz! Há tempos que não te vejo assim, filha!

- Que rapaz, mamãe? É só um amigo.

- Sei. Eu e seu pai também éramos amigos até ele me dar aquele beijo que até hoje me faz arrepiar quando lembro.

Essa observação fez a menina totalmente avermelhada e surpresa ela disparou:

- Acha que ele vai me beijar, mãe?

Dona Altamira libertou uma gargalhada estridente, deixando-a ainda mais envergonhada, refugiando-se no quarto, se ocupando com os preparativos para sair.

As quinze horas em ponto Cleide chegava a praça de alimentação do shopping, onde deveria encontrar Ivan, vasculhando todos os cantos do local apinhado e movimentado demais para ela e para um domingo. Como não o avistou em nenhuma das direções resolveu sentar em um dos bancos dispostos na entrada da praça e quando conferia as horas no celular, percebeu uma sombra à sua frente, erguendo os olhos vislumbrou o buquê de rosas mais lindo que que já vira em toda a sua vida, banhado pelo sorriso de Ivan que galanteou:

- Flores convivem bem com flores, embora creio que sua beleza ofuscará as rosas ou elas roubarão a sua essência.

Completamente sem jeito, ela apenas esboçou um sorriso e quando o rapaz a cumprimentou beijando os dois lados de sua face, arrepios correram por seu corpo, excitando, impelindo e fazendo com que desejasse ser tomada por um longo e apaixonado beijo, que não aconteceu. Gentilmente Ivan a conduziu até uma pizzaria, onde sentaram, conversaram, comeram, passando a se conhecerem melhor e quando ela menos esperava, ele aprisionou-a nos olhos, segurando seu queixo e aplicando-lhe um beijo que incendiou sua alma, a libertando de todos os cuidados, derrubando suas barreiras, deixando-a zonza, de pensamentos embaralhados.

Ao contrário do que ambos desejavam a tarde fluía como uma correnteza e quando o sol começou a recolher seus raios, perceberam a necessidade de se despedirem e sob a insistência de Ivan, ela aceitou que a levasse para casa. Aos vinte e cinco anos o rapaz já mantinha uma postura madura, decidida, que combinava com a altivez de sua aparência, brindada pelos cabelos louros, olhos azuis, lábios grossos e uma pele clara que cobria o corpo forte, adornado pela musculatura natural, o que conotava não ser adepto do culto a forma física, mesmo tendo um peitoral bem definido e pernas grossas e musculosas, exibidas pela bermuda que usava.

Os carinhos aumentaram dentro do carro, no percurso até a casa de Cleide e tentando frear os ânimos, pois, já estava completamente molhada ele puxou o primeiro assunto que veio a sua mente:

- Você não tem mesmo namorada?

- Não. Não tenho. – Respondeu ele, um pouco contrariado.

- E tem muito tempo que está só?

- Dois meses.

- Ela também é de Salvador?

- Não, princesa. Ela mora a duas quadras de minha casa. Por que?

Como toda mulher, Cleide tinha uma imaginação fértil e o simples fato da ex-namorada morar próximo a ele, fez com que criasse um enredo em sua cabeça, passando a dar mais importância a sua criação que ao que acontecia naquele momento. Bem que Ivan tentou retomar o rumo da conversa, envolve-la com seus beijos, suas carícias, mas era muito tarde. Ela já havia criado todos os empecilhos possíveis em sua imaginação e ao chegarem a sua casa, Cleide simplesmente disparou:

- Olha Ivan! Se você está pensando que vai me enganar, pode desistir. Sei que você tem namorada e mesmo que tenha brigado com ela, não daria certo entre a gente. Moro longe e sei que com o tempo irá começar a dar desculpas para não vir me ver, então melhor pararmos logo por aqui.

Sem pronunciar uma palavra, o rapaz a pegou pela cintura, puxando-a para si, dando um beijo tão intenso em seus lábios que a deixou sem ar, sem chão e quando se viu livre daquela boca que a encandecia, preparou-se para protestar, mas ouviu a voz de Sibele aos berros:

- Mamãe! Vem ver o namorado da Cleide! Ele tá beijando ela!

Mal as palavras foram pronunciadas e surgiram na porta as figuras de dona Altamira e do senhor Orlando, deixando a moça sem muitas alternativas, principalmente quando a mãe falou:

- Boa noite! Não vai apresentar seu namorado aos seus pais, filha?!

Aproveitando-se da situação que apresentava-se constrangedora, Ivan saltou a frente com a mão esticada e disse:

- Muito prazer, Ivan!

Cumprimentado pelos pais da moça, não se fez de rogado ao receber o convite para que entrasse e sentasse. Acomodado, Ivan agia com a naturalidade de genro, o que estava a irritando e depois de alguns minutos quando anunciou sua partida, ela achou propício demonstrar sua insatisfação e acabar com tudo logo, antes que a coisa tomasse proporções maiores:

- Ivan! Eu até gostei de você, mas não engulo essa história de sua ex e antes que...

Interrompida abruptamente pelos lábios que consumiam sua boca e as mãos que passeavam por seu corpo, Cleide não teve alternativa a não ser render-se por aqueles infindáveis minutos em que seus pensamentos perderam a forma, ondas elétricas percorriam seu corpo e a vontade de ser devorada por aquele homem crescia descontroladamente. Da mesma maneira que a tomou como se fosse sua, ele a deixou ali, delirando, sonhando com o prazer que ele poderia proporciona-la, como se estivesse a flutuar e de dentro do carro ele anunciou:

- Amanhã te ligo, princesa!

As semanas foram passando, Ivan insistindo, frequentando a casa da moça sem dar importância as suas desconfianças e apesar de todo esforço de Cleide para pôr um fim naquela história, para esquecer e fugir dos seus sentimentos, cada vez mais se encantava com ele. Afim de prova-la que não mantinha nenhum relacionamento com sua ex, se dispôs a leva-la para conhecer sua família e claro, ela não perderia a oportunidade de comprovar sua teoria e assim sendo, aceitou de imediato convite.

Chegou a “Princesinha do Sertão”, como era conhecida a cidade de Feira de Santana, por volta das onze horas da manhã do domingo. Cabelos soltos, lábios rosados pelo batom e munida de muita desconfiança. Para sua surpresa os pais de Ivan a receberam muito bem, o que poderia ser indício de que realmente ele não tinha namorada. “Mas, os pais dele podem não saber. Vai ver que ele nunca a apresentou a família! ”. – Pensava ela. Passaram o resto da manhã na companhia dos pais dele e do irmão mais velho, almoçaram e por volta das dezesseis horas ficaram a sós no imenso casarão, uma vez que, seu irmão fora para casa da namorada e os pais para a missa. Ao mesmo tempo em que o sinal de alerta fora acionado, um tesão louco se apossava dela e os pensamentos mais excitantes passaram por sua mente, mesmo com Ivan agindo naturalmente. Conversavam tranquilamente no sofá quando ele perguntou:

- Convencida de que és única, princesa?

- Ainda não sei. Você pode...

A sentença não pode ser completada. Ivan avançou sobre ela, cobrindo-a com seu próprio corpo, sugando seus lábios, envolvendo sua língua com a dele, acariciando seus seios por cima do vestido, apertando seus bicos, lambendo seu pescoço, enxargando sua calcinha. Mesmo que no fundo desejasse, Cleide não esperava e quando ele passou a buscar seu sexo, erguendo o vestido que a essa altura também a incomodava, os pequenos gemidos surgiram naturalmente, despertando um turbilhão de sensações. Quando sentiu-se ser atingida no centro por aqueles dedos longos, ávidos e habilidosos, todo seu pudor desapareceu, abrindo as pernas para que pudesse ser acariciada da melhor forma. Não conseguia raciocinar! Ivan beijava seu pescoço, nuca, apertava os bicos com uma das mãos enquanto que a outra dedilhava seu clitóris. Era muita loucura para exigir dela mesma consciência, deixando-se levar pelos espasmos que se transformavam em tremor ou tremor que se transformavam em espasmos, já não conseguia perceber a ordem, mas sentiu uma explosão nascendo do fundo de sua alma e quando se deu o epicentro, gemeu alto:

- Ai, meu Deus! Ivan! Que coisa mais gostosa...

Rápido como um gato, ele deslizou por sobre seu vestido, chegando até o sexo pulsante, contornando-o com sua língua, lambendo, redesenhando seu entorno e impondo mais um orgasmo que culminou com a imagem mais linda de se ver: o prazer feminino.

As carícias se prolongaram por todo o corpo de Cleide que teve seu vestido arrancado, os seios chupados, lambidos, mordiscados e quando no afã do desejo a ser contraído, ele se preparava para invadi-la, ouviu-a balbuciar:

- Onde está o preservativo?

Sem jeito, angustiado e apressado, Ivan correu até o quarto, voltando com uma embalagem nas mãos, rasgando seu invólucro, vestindo seu pênis e entrando lentamente em meio as pernas da sua princesa. Estocadas lentas, profundas e rápidas se alternavam proporcionando um prazer incrível a Cleide que berrava, se contorcia e arranhava as costas do homem que gemia de dor e prazer até atingirem o ápice juntos, selando aquele primeiro encontro abraçados e satisfeitos.

Após aquele dia, ela voltara muitas outras vezes a casa dos pais de Ivan, fazendo as desconfianças desaparecerem e a persistência dela fora recompensada um ano depois, quando se casaram com todo o glamour que mereciam e a promessa de uma vida conjugal feliz, pois, de fato se amavam muito!

Foram dose meses de uma intensa lua-de-mel até Cleide descobrir que havia sido traída! Seu mundo desabou! O que havia acontecido? Será que ele não a amava mais? O que ele viu na outra que já não enxerga mais nela? Estas eram algumas das perguntas que rondavam a cabeça confusa e a alma triste dela, sempre sem respostas. A relação passou a ser difícil, pois, por mais que tentasse, Ivan não conseguia uma explicação plausível. Passaram a dormir em quartos separados, falavam-se cada vez menos e a tristeza era a companheira da mulher que durante seis meses ouviu frases de todo tipo, porém, nenhuma incomodou-a mais que a desferida por sua sogra:

“Minha filha! Todos nós estamos suscetíveis a erros e por mais que tentemos, jamais conseguiremos entender os motivos que levaram o Ivan a fazer isso. Não tenho a menor intensão em defende-lo, mas acho que deve pesar o seu sentimento. Conversar com ele e sentir se realmente se arrependeu e o mais importante: se quer mesmo continuar com ele. A partir disso, mostre-o a mulher que tem, a mulher que pode ser e a que ele pode perder! ”.

Durante quatro longas semanas essas palavras deram-lhe na cabeça até que um dia, de fato ela entendeu o que a sogra queria dizer e decidiu agir! Era uma sexta-feira e apesar de nunca terem vivido presos um ao outro, já que mantinham a liberdade de saírem com seus amigos sem a necessidade ou obrigatoriedade do outro estar presente, após o ocorrido Ivan costumava chegar cedo todos os dias e ficar amuado no quarto. Passava das treze horas e ela teria que se apressar, antes que ele chegasse do trabalho. Entrou no chuveiro e varreu de sua alma toda a angústia, o sofrimento dos últimos meses. Colocou um short, uma blusa, maquiou-se e entrou no carro apressadamente, rasgando um canto com os pneus pelas ruas. Por mais corrida que esteja, mulher, roupa e tempo são elementos dispares e então, três horas depois ela retornava com algumas sacolas nas mãos e muitas ideias na cabeça. Atirou os pacotes sobre a cama e pendurou-se ao telefone disparando a falar, discutindo alguns detalhes e meia hora após saia novamente apressada.

As vinte horas, Ivan chegava cabisbaixo e ao ver as luzes da casa totalmente apagadas milhares de coisas passaram por sua mente, inclusive que sua esposa decidira vingar-se e saíra com algum homem, meneando a cabeça negativamente em seguida. Isso não fazia parte do caráter de Cleide! Estacionou o carro pensando na besteira que fizera quando se envolveu com a secretária. “Uma noite! Um gozo e merdei minha vida! ”. – Pensava ele. Entrou sentindo um incomodo pelo silêncio vasculhando o quarto em que agora a mulher dormia sozinha e nada! Observou a cozinha, o banheiro e lembrou que não vira o carro dela na garagem. “Deve ter mesmo saído! ”. – Pensou. Com um peso enorme sobre os ombros retirou as roupas e mergulhou debaixo da água fria do chuveiro, tentando afastar os pensamentos que vinham de sua mente.

- Não. Ela não me trairia! – Tentava ele se convencer e de fato, Cleide não o faria. Embora depois que algumas pessoas souberam do acontecido, muitas propostas surgiram, inclusive de amigos do casal. Lutando contra os pensamentos, enrolou-se na toalha sentando para ver tv, logo desistindo da ideia. Não queria vê-la chegar. Não gostaria de saber onde esteve, com quem e fazendo sabe lá o que. Refugiar-se-ia em seu quarto. Com sorte pegaria no sono e nem a veria chegar. Apressou os passos como quem realmente fugia e ao invadir o quarto as luzes se acenderam parcialmente. Mas, não eram as luzes normais. Eram vermelhas, amarelas e azuis. Uma música ao fundo iniciava baixinho, aumentando seu tom, suas batidas pouco a pouco e por fim surgiu uma mulher que ele não conhecia, no entanto, a melodia era conhecida e prenunciava algo que não sabia dizer se era bom ou ruim. A música 2nd Round do cantor Usher era quente sensual, poderosa e o nome levava a várias interpretações. Com cinta-liga vermelha, salto alto de mesma cor, cabelos soltos, olhos penetrantes e brandindo um chicote nas mãos, Cleide era a imagem da vingança, uma doce punição. Com um sorriso debochado que beirava ao diabólico, a mulher aproximou-se rebolando sensualmente, girando o chicote sobre a cabeça, entusiasmando, endurecendo e confundindo Ivan que sentiu o primeiro estalido, seguido de um ardor na pele. O primeiro golpe atingiu-lhe as pernas, o segundo a barrida e o outro, por muito pouco não alcança os órgãos genitais. A essa altura, ela já não sabia se fora propositadamente ou por falta de habilidade, uma vez que, jamais vira a esposa daquele jeito. Habilidosa ou não, Cleide queria puni-lo e outro golpe acertou-lhe a bunda, irritando o homem que tentou se proteger, sem sucesso, só aumentando o perímetro a ser atingido, já que a toalha caíra. Cobrindo o sexo com as mãos ele tentava se esquivar dos golpes, coisa que era cada vez mais difícil, pois, a mulher rebolava e se aproximava perigosamente dele que acuado, caiu sobre a cama, fazendo-a sorrir, se divertindo com a situação. Como quem domava um leão ela soltava golpes e mais golpes de um lado e outro da cama, buscando posicionar o homem nela. Preocupado com a falta de habilidade e pontaria, os olhos de Ivan permaneciam arregalados e atentos e quando finalmente a mulher posicionou-se frente a ele de joelhos, falou com a voz ameaçadora, por cima da música:

- Então, você gosta das putas? Vou lhe mostrar o que sou capaz de fazer!

Os golpes retornaram com força, atingindo as pernas, os braços a quando ele buscou proteger desesperadamente o órgão, teve a outra parte da bunda marcada. Calmamente a música foi mudando para batidas mais lentas e no mesmo ritmo que esta, a mulher se esfregava sobre o corpo do excitado e assustado Ivan, até que Cleide envolveu seus lábios com um beijo ardente, descendo por seu queixo, seu peito, passando por seu abdômen e ao chegar no sexo ereto, parou, sorriu e o engoliu por completo arrancando quase uma confissão em forma de gemido do homem:

- Ai..., que delícia, princesa! Eu gosto assim...

- Sei que gosta das putas!

Ao dizer isso a mulher passou a manobrar o membro com mais rapidez ao mesmo tempo em que chupava-o fazendo com quem Ivan não resistisse e derramasse seu prazer na boca sedenta de sua esposa. Acostumado ao sexo tradicional, sem novidades, ele se preparava para iniciar o momento papo cabeça, erguendo o tronco da cama quando foi duramente punido com mais uma chicotada que lhe deixou um vinco no peito:

- Você está maluca?

Deslizando a língua sobre os lábios, ela sorriu e voltou a engolir o mastro com volúpia, assistindo o corpo a sua frente se contorcer de prazer. Aos poucos, Cleide sentia-se excitada com a situação, com a condução da relação, o que acabou sendo favorável a Ivan, pois, pode sentir agora a forma carinhosa com a qual a mulher degustava o membro, passeando gentilmente a língua por todo seu contorno, saboreando com um prazer tão grande que se lançava ao delírio, mergulhando em um orgasmo lento e intenso, misturando seus próprios gemidos aos do parceiro, prestes a explodir novamente. Sentindo o pulsar acelerado do pênis em sua boca, ela ajeitou-se rapidamente, instalando-o dentro de si, iniciando uma cavalgada lenta e profunda até sentir que o havia engolido por inteiro, erguendo o corpo com precisão e ao sentir que a cabeça do membro tocava a parte mais rasa de sua vagina, tratou de outra vez acomoda-lo o mais profundo que pudesse, repetindo os movimentos rapidamente, ecoando seus gritos pelo quarto, sentindo o líquido quente derramar-se por suas entranhas, fazendo seu abdômen se contrair, apertando os próprios mamilos e gemendo alto:

- Isso seu safado! Faz sua puta gozar, vai...

Empolgado, Ivan iniciou um rebolado desconcertado por baixo dela, pois, seu prazer também chegava e as forças o abandonavam. Nunca vira Cleide gozar daquela forma e sua mente forçava-o a aproveitar o momento, instigando para que prolongasse o prazer dela e com muito esforço tentava mexer dentro da mulher que agonizava de prazer até que ambos foram vencidos pela exaustão.

- Meu Deus! O que foi isso? – Perguntou ele, sentindo o peso do corpo da mulher sobre o seu.

Sem dizer nada, alguns minutos depois Cleide se levantou em direção ao banheiro, seguida de perto pelo esposo que iniciou:

- Meu amor! Mais uma vez te peço que me perdoe. Isso nunca mais voltará a acontecer.

Tendo o silêncio como resposta, Ivan deu-se por vencido em seus argumentos e após o banho rápido saiu, deixando Cleide ainda no chuveiro. Pensava numa maneira de dobrar a birra da mulher quando sentiu mais uma vez a pele arder sobre a ordem do chicote:

- Levanta seu safado! Vem aqui lamber sua mulher!

- Amor! Eu estou cansado. Espera...

Mais uma vez o chicote deu-lhe na pele:

- Isto não é um pedido!

Com uma perna apoiada na cama e um olhar que ele jamais vira a mulher girava o chicote ameaçador e sem saída ele aproximou-se como um cachorrinho temeroso por ser castigado, passando a lamber timidamente a gruta exposta a sua frente, sendo repreendido por mais um estalido do chicote em sua bunda, fazendo com que gritasse:

- Porra! Para com isso!

- É assim que chupa as putas na rua? Vamos lá!

Sentindo o ardor na pele o homem cravou as mãos nas nádegas dela, passando a sugar com volúpia o botão intumescido, mordiscando, lambendo e excitando mais e mais a mulher que a esta altura já abandonara o chicote, apenas se deliciando com as carícias. Com um misto de raiva e tesão, Ivan puxou a mulher, atirando-a a cama, abrindo completamente suas pernas e chupando com mais interesse, mostrando quem mandava ali, apertando os bicos dos seios e perguntando:

- É isso que você quer?

Cleide não conseguia dizer nada além de desprender alguns gemidos que a levaram ao gozo, potencializado pela sucção em seu clitóris. Enquanto ainda espasmava sentiu o membro duro invadir seu centro, impetrando imediatamente um novo orgasmo que se prolongava a cada estocada furiosa de Ivan que aos poucos sentia cada vez mais necessidade de se esforçar, pois, já estava cansado como dissera, e as forças já começavam a abandona-lo. Sentindo isso, a mulher se posicionou de quatro e pediu com a voz doce e carregada de sensualidade:

- Agora eu quero assim, amor! Vem!

Levado pelo orgulho e o ardor no corpo, Ivan investiu contra o sexo molhado a sua espera, invadindo com força seu interior, estocando, estocando, estocando até que passou a diminuir o ritmo. De fato, estava mesmo cansado. Sem pensar duas vezes, Cleide atirou o homem de volta a cama, sentando em seu membro e cavalgando com toda a vontade que possuía, subindo e descendo. Descendo e subindo, gemendo, gritando, berrando, gozando e ao ouvir o urro de prazer do marido, desceu de sua montada, passando a acarinha-lo com os lábios, com as mãos, olhando dentro dos olhos dele que agonizava de prazer, exaurido:

- Chega amor! Chega! Deixa o resto para amanhã! Não aguento mais!

- Não aguenta mais? Se quer ter duas mulheres tem que aguentar sim! Vamos tomar banho! – Falou ela indo ao chuveiro. Durante o banho ela sorria baixinho com sua malvadeza ao mesmo tempo em que se sentia leve e satisfeita, mas não daria moleza ao marido, embora soubesse que a ferida da traição jamais fecharia, que a confiança estaria abalada pelo resto da vida e ao voltar deu-se por satisfeita em admira-lo dormindo com a mesma expressão que a fizera se apaixonar a alguns anos atrás e que a faria permanecer junto a ele, construir uma família com duas princesas. Naquela noite apimentada, Ivan a fizera entender que jamais seria uma puta como buscou, mas que tinha força suficiente para lutar por seu casamento ou qualquer outra coisa que quisesse!

 

Gérson Prado

 

 

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